Após um período de alta, o dólar opera em queda nesta sexta-feira (1). O dólar recuava abaixo dos R$ 4,70 nesta sexta-feira (1°) e, caso encerre o dia nesse patamar, terá a menor cotação desde os R$ 4,65 do dia 10 de março de 2020, véspera do dia em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia de Covid-19. Às 12h45, o dólar comercial à vista recuava 1,32%, cotado R$ 4,6980 na venda.
Com o desempenho de hoje, a moeda norte-americana fechou março com recuo de 7,63%. Essa foi a maior queda mensal desde outubro de 2018. No primeiro trimestre, a divisa caiu 14,55%, a maior baixa desde o segundo trimestre de 2009, quando os mercados financeiros se recuperavam da crise financeira de 2008.
O real teve um “claro destaque positivo para o trimestre” entre as principais moedas do mundo, disse em postagem no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). “Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada ante uma grande subvalorização.”.
Os custos do petróleo e produtos agrícolas dispararam desde o final de fevereiro, quando a Rússia entrou em guerra com a Ucrânia, em meio a temores de restrição da oferta. Dessa forma, moedas de países exportadores, em especial da América Latina, têm sido beneficiadas, já que a região é vista como alternativa no fornecimento de commodities.
Além do real, moedas como, por exemplo, pesos chilenos, colombiano e mexicano e sol peruano acumulam ganhos acentuados –de 3% a 9%– no ano contra a divisa norte-americana. Sinal da resiliência dos ativos latino-americanos, as divisas mantiveram ganhos apesar da força internacional do dólar, cujo índice ante uma cesta de seis rivais fortes estava a caminho de marcar alta de quase 3% no acumulado do primeiro trimestre.
O real surgiu como opção especialmente atraente para investidores estrangeiros por causa do alto patamar dos juros. Com a Selic em 11,75% ao ano, o Brasil tem uma das maiores taxas de juros nominais do mundo, perdendo apenas para Turquia, Rússia e Argentina, países considerados de alto risco.
O movimento do dólar é um reflexo do maior fluxo de capital estrangeiro para o país devido ao diferencial de juros com o exterior e perspectiva de que o Banco Central irá promover novas elevações na taxa Selic para tentar controlar a inflação. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.
Em relatório mensal, o Rabobank destaca que vê uma continuação dos fluxos que vem favorecendo o desempenho do real no curto prazo “enquanto um novo sentimento de risco global importante não for acionado novamente e o spread entre as taxas de juros continuar apetitoso”, diz o documento.
Entretanto o banco ressalta que os fundamentos permanecem frágeis e, internamente, “as perspectivas continuam desafiadoras, com o aumento incerteza sobre a política econômica durante o ciclo eleitoral iminente e um ambiente global de aperto monetário com maior aversão ao risco decorrente do cenário geopolítico”, favorecendo as forças depreciativas nos meses mais à frente. O Rabobank ajustou sua previsão do dólar no fim do ano para R$ 5,25 e R$ 5,20 em 2023.
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