A jovem Laís Coelho, de 18 anos, é a mais nova aprovada no curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Brasília (UNB). O que torna a conquista ainda mais especial é que Laís é portadora dos Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ela ficou em sétimo lugar na lista de aprovados. Em entrevista ao site de notícias Estadão, a estudante contou quais foram as primeiras sensações que teve ao receber a notícia da sua aprovação, na manhã da última quarta-feira, 30.
“Eu fiquei muito feliz. Fiquei muito animada. Eu tava meio surpresa um pouco, achei que não ia passar. Eu e minha família, a gente já estava planejando isso [de se mudar para Brasília], mas como eu moro no Maranhão, ia ser meio complicado mudar para Brasília, porque nós temos famíliares lá, mas eu não consigo morar com eles porque eles não estão próximos à faculdade. É meio assustador, porque eu vou ter que ir embora”, revela Laís que é natural de Brasília, mas mora em São Luis do Maranhão há cerca de dez anos.
Sobre a escolha do curso, a jovem explica que Engenharia Aeroespecial não era necessariamente seu primeiro desejo: “Eu pulei muito de curso. Não tinha conseguido me interessar por nada até o mês que eu precisei decidir. Engenharia Aeroespacial não era o meu sonho, mas eu acho que tudo o que eu fizesse eu ia querer fazer bem de qualquer jeito. Então eu só procurei um curso que a grade curricular fosse mais interessante para mim. Eu gosto bastante de matemática e física e eu achei que ia ser mais divertido também mudar um pouco de área, porque eu faço curso técnico em artes visuais no Instituto Federal, então eu já tenho [conhecimento] nesta área que também me interessa, mas eu queria fazer algo na segunda área que me interessa, que é a área de exatas”.
Laís falou também um pouco sobre como a falta de diagnóstico do TEA dificultou seus primeiros anos de estudos: “O TEA tem três níveis de suporte: um, dois e três. O nível um é o que menos necessita de suporte, que é o meu caso. Eu tive um diagnóstico tardio do autismo, não faz nem um ano. Pela falta do diagnóstico acabou sendo bastante complicado durante o ensino fundamental e o ensino médio. No fundamenal, foi a época que eu mais sofri preconceito e ações que fizeram me sentir muito mal e que vieram de alguns poucos professores, mas principalmente de colegas de turma”.
A jovem conta que ter uma mãe formada em pedagogia fez toda a diferença para lidar com os déficits: “Como minha mãe é pedagoga, ela já tinha essa desconfiança e já tínhamos descoberto o TDAH […] O TDAH atrapalha mais os estudos e as relações dentro da escola são mais afetadas pelo TEA […] O suporte de mamãe com certeza fez muita diferença. Tenho certeza que ela soube lidar melhor comigo por conta da formação dela. Quando eu já estava maior, ela fez até uma pós-graduação em Neuro Psicopedagogia justamente para entender melhor e saber o que fazer”.
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