A França é considerado como um dos países que mais se orgulha de seu passado, tradições e também de sua língua. Protegem-se com afinco da intromissão estrangeira, principalmente, quando o assunto é linguagem.
É muito comum ouvir relatos de pessoas que já foram hostilizadas em algum momento no país por querer falar outra língua que não fosse o francês.
O tradicional dicionário Le Robert causou um enorme alvoroço no país ao anunciar a introdução do pronome neutro “iel” em sua edição on line para atender as pessoas não binárias.
A decisão do dicionário causou uma enorme polêmica entre internautas, imprensa e também entre políticos franceses. Uns defendendo a inclusão do pronome neutro, outros totalmente contra.
O governo francês já se posicionou contra o uso do pronome. O ministro da educação Jean Michael Blanquer tuitou na última terça-feira (16) que “A escrita inclusiva não é o futuro da língua francesa”.
François Jolivet, membro da Assembleia Nacional, mesmo partido do Macron, escreveu a Académie Française dizendo que o pronome “iel” e suas derivações “ielle, iels e ielles” eram uma afronta os valores franceses.
Recentemente, em 2017, a Academie Française se pronunciou sobre o tema e alertou que movimentos para tornar a língua francesa mais neutra em termos de género criariam “uma língua desunida, com expressões díspares, que podiam criar confusão ou ilegibilidade”.
O tema segue muito polêmico ao redor do mundo. Muitas figuras públicas, artistas e políticos como a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, tem usado o gênero neutro em perfis no Twitter, assinaturas de e-mail ou currículos para mostrar solidariedade às pessoas não binárias.
O diretor do dicionário, Charles Bimbenet, disse que os dicionários incluem muitas palavras que refletem ideias ou tendências, sem que necessariamente eles próprios aprovem ou desaprovem o uso de tais pronomes, e que, como a palavra “iel” é cada vez mais usada, é útil incluir uma descrição de seu significado.
Foto: Reprodução
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