Sérgio Moro, ex-juiz e, também, ex-ministro do governo Bolsonaro, confirmou sua filiação ao Podemos durante evento do partido em Brasília, nesta quarta-feira,10. A legenda anunciou Moro como “futuro presidente da República”, ainda que ele não tenha confirmado qual mandato disputará nas eleições de 2022. A decisão não surpreendeu muita gente, uma vez que a entrada do ex-juiz no páreo político já era esperada após pedir demissão do Ministério da Justiça em 2020.
Em seu discurso, Moro criticou Bolsonaro e Lula, mesmo sem citar nomes, ao falar sobre escândalos notórios no Brasil e de grande repercussão mundial: o “mensalão” e as “rachadinhas”. Além disso, a fala de Moro foi marcada por uma breve história da sua carreira antes e depois de sua vida pública ganhar destaque com a Operação Lava Jato, um discurso com ares nacionalistas de combate a corrupção, apresentando um gestor que não “pensa só em si”.
“Pretendo atuar como um guardião vigoroso do interesse público, como um protetor dos direitos de todos os brasileiros e brasileiras.” – Sérgio Moro.
As menções de Lula e Bolsonaro ao ex-ministro foram de acusação. O petista e o atual chefe do executivo culparam Moro de agir politicamente, ao longo da carreira, com objetivos eleitoreiros, fato negado diversas vezes por ele.
A entrada de Moro para uma possível disputa a presidência da República abre caminho para uma terceira via para o brasileiro que, também, poderá contar com o retorno de Lula nessa corrida. O ex-presidente foi preso na condução da Operação Lava Jato (que tinha Moro como juiz) após investigações de esquemas de desvio de recursos públicos envolvendo a Petrobras e políticos do seu círculo. O STF, em junho deste ano, decidiu declarar Sérgio Moro como parcial no processo que envolveu o petista.
Nas pesquisas de intenção de voto, Lula aparece na liderança, com 48%, seguido por Bolsonaro (21%) e, em terceiro, vem Moro com (8%), segundo a Genial/Quaest/Nov. Especialistas acreditam que Lula corre mais risco de desgaste com a possível candidatura do ex-juiz do que Bolsonaro, já que o processo da Lava Jato os envolveu diretamente e seria mais difícil Lula enfrentar o homem tido como seu algoz. Se confirmada essa configuração no pleito presidencial, os debates prometem agitar o país.
Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro até 2020 e deixou o cargo após alegar que o atual presidente estaria tentando interferir na Polícia Federal para proteger sua família e aliados de investigações.
*Foto: Cristiano Mariz/O Globo.
Comentários