Em abril de 2020, um dos sequestradores do empresário Abílio Diniz matou o vigilante de um banco no Chile durante uma tentativa de assalto. Sergio Martin Olivares Urtubia, 69 anos, atirou na cabeça de Victor Hugo Illanes Mena, 40 anos, durante a fuga. Ele foi preso no mesmo dia do crime.
A vítima, Victor Hugo Illanes Mena, chegou a ser levado para um hospital de São Bernardo, na Grande Santiago, mas não resistiu aos ferimentos, segundo informações de jornais e portais chilenos. Segundo publicações de pessoas próximas a Mena, ele deixou uma mulher e três filhos. Amigos do vigilante fizeram uma campanha para arrecadar fundos para os familiares da vítima.
Urtubia, de origem chilena, participou do sequestro de Diniz no Brasil em 1989 ao lado de compatriotas, argentinos, canadenses e um brasileiro. O crime, que ocorreu há mais de 30 anos, voltou a ser assunto entre brasileiros depois de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelar ter pedido ao então presidente, Fernando Henrique Cardoso, em 1998, a libertação dos criminosos.
“Foram presos em 1989, naquele sequestro do Abílio Diniz. Esses jovens ficaram presos por dez anos. E houve um momento em que fui conversar com Fernando Henrique, porque eles [os criminosos] estavam em greve de fome. Eles iriam entrar em greve seca, em que você fica sem comer nem beber. Aí, a morte seria certa”, disse o petista, em um evento de pré-campanha à Presidência.
O ex-presidente Lula afirmou que cobrou uma postura do, na época, chefe do Poder Executivo. “Falei para o FHC: ‘Fernando, você tem a chance de passar para a História como um democrata — ou como um presidente que permitiu que dez jovens, que cometeram um erro, morram na cadeia. Isso não apagará nunca’.”
Fugitivo preso apenas em 2011
O outro chileno que também participou do sequestro do empresário brasileiro, em 1989, escapou em 1999, logo depois de ser extraditado para o Chile. Hector Collante foi preso pela polícia chilena apenas em 2011.
O empresário Abílio Diniz ficou seis dias sob domínio dos sequestradores. Eles pertenciam a um grupo de guerrilheiros chamado Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR).
Em entrevista ao Flow Podcast, Diniz deu detalhes dos seis dias em que permaneceu em cativeiro. “Na casa em que fiquei tinha um buraco, tipo um porão, e uma escadinha”, afirmou. “Dentro deste porão eles construíram um caixote grande e me puseram dentro dele.” Essa caixa tinha uma fechadura e era trancada por fora.
“Fizeram um buraco em cima desse caixote, puseram um cano e um ventilador do lado de fora”, lembrou. “Esse era o ar que vinha de fora.” Os criminosos pediram, à época, US$ 30 milhões para soltar o empresário, que foi solto em 17 de dezembro daquele ano depois de um cerco policial.
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