Com o argumento de combater fake news, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) criou grupos no WhatsApp para enviar material de apoio ao ex-presidente Lula. Dirigentes da entidade também afirmam usar empresas para fazer os disparos na plataforma.
Em um vídeo divulgado pelo Metrópoles, mostra o secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, e o secretário-adjunto, Admirson Medeiros, orientando membros da organização sobre o uso eleitoral das chamadas “Brigadas Digitais”.
O método das “Brigadas Digitais” é parecida ao que levou a chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL) a ser julgada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2019, após denúncias de que empresários financiaram disparos em massa em defesa do então candidato do PSL ao Planalto.
A chapa não foi punida, mas a Corte criou uma resolução na qual afirma que situações similares poderiam ser enquadradas como abuso do poder econômico e político ou uso indevido de meios de comunicação, e passíveis de punição, inclusive cassação do registro da chapa.
“Uma Brigada Digital é nada mais, nada menos do que um grupo de WhatsApp. Organiza os mais vermelhinhos dentro do grupo e lá vamos convencer toda a turma que este ano é Lula”, disse Roni em uma gravação do dia 29 de abril.
A técnica funciona com a introdução de um membro da CUT no grupo, que se transformará em brigada. “Basta você cadastrar no site e automaticamente o nosso administrador vai entrar no grupo e distribuir os cards, as informações e os vídeos”, explica o secretário.
Na explicação sobre o que são as brigadas, Admirson Medeiros (conhecido como Greg) reafirma o objetivo eleitoral. “As próximas eleições são as mais importantes das nossas vidas. Perder não é opção”.
Segundo Greg, as obrigações dos chamados “brigadistas”, está o compartilhamento dos conteúdos para outros grupos no WhatsApp. Eles também devem obedecer os administradores em ações coordenadas, como “tuitaços” e mobilizações variadas.
Um exemplo da estratégia dos “brigadistas” pôde ser visto no planejamento para o dia 13 de junho. Os grupos liderados pela CUT se mobilizaram para usar a hashtag #Mais13Hoje. As Brigadas Digitais receberam material alusivo ao pré-candidato petista, como fotos, cards e artes, em uma pasta do Google Drive.
Em uma outra pasta, foram enviadas dezenas de sugestões de tuítes. Os textos relembram feitos positivos do governo Lula e fazem campanha favorável ao ex-presidente. No dia combinado, as mensagens foram publicadas centenas de vezes por diversos usuários.
Em um vídeo divulgado pelo Metrópoles, o secretário-adjunto de comunicação da CUT mostra slides com um balanço parcial. Já somavam-se 56 cards, 74 vídeos e 52 disparos de WhatsApp, que alcançavam diretamente 2.170 pessoas. “Esse número aqui já cresceu, está bem maior”, destacou Greg.
A intenção eleitoral dos grupos de WhatsApp também foi explicitada em uma entrevista concedida em 20 de abril. “Essa estratégia de Comitês de Luta e Brigadas Digitais não vai ser só para a eleição. Não é algo só pra eleger nosso candidato e acaba. Não, vai continuar”, explica Admirson.
O plano para expandir as brigadas também conta com o uso da estrutura sindical filiada à CUT. “Nós temos cerca de 70 mil dirigentes sindicais. Vezes 10, dá 700 mil pessoas. Nós podemos chegar, só com nossos dirigentes, a 700 mil pessoas por dia”, calcula Roni.
A estratégia parece já ter entrada em ação. Imagens do dia 3 de maio mostram uma aula na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS). “Embora a grande batalha deste ano sejam as eleições, as brigadas digitais vieram para ficar”, destaca membro da Secretaria de Formação da CUT, novamente ressaltando o viés eleitoral da iniciativa.
Assista ao vídeo:
Comentários