Após uma onda de anulações de sentenças e provas da Lava Jato, e novos entendimentos sobre o alcance da operação, políticos que foram alvo de investigações por corrupção enxergam sinal verde para se reposicionar no cenário eleitoral. Em outubro, o ex-presidente Lula (PT), que chegou a ser condenado em terceira instância, não será o único a ter seu nome de volta às urnas.
As movimentações partidárias podem reabilitar outros alvos recentes, como o ex-governador Beto Richa (PSDB-PR), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) e o ex-senador Gim Argello (sem partido). Todos já foram presos.
Até quem ainda está cumprindo pena ou está inelegível continua se articulando para se manter no jogo político. É o caso, por exemplo, de Sérgio Cabral (sem partido) e Eduardo Cunha (PROS). O ex-governador do Rio e o ex-presidente da Câmara negociam uma vaga na Câmara dos Deputados para seus filhos — Marco Antonio Cabral e Danielle Cunha.
Isso se deu após algumas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), como a que passou a não permitir prisão após condenação em segunda instância e, principalmente, a que anulou sentenças da Lava Jato por considerar que a vara federal de Curitiba não era competente para julgar parte dos casos levantados pela operação.
Além do ex-presidente Lula, outros políticos pretendem retornar à vida pública após anulação de condenações. Henrique Eduardo Alves é um dos casos famosos. O ex-ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer foi condenado a oito anos e oito meses de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Sépsis, que mirou esquemas de corrupção na Caixa Econômica Federal, ele ficou 328 dias preso entre 2017 e 2018.
Henrique está livre desde que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a sua condenação, por entender que a competência era da Justiça Eleitoral, e não da Justiça Federal em Brasília, que o julgou. Liberado para as urnas, ele tem sido assediado por lideranças de PSB, Avante e Cidadania, que tentam convencê-lo a deixar o MDB e integrar seus quadros.
Assim como alega a defesa de Lula, advogados de outros políticos investigados pela Lava Jato citam anulações recentes de condenações e provas da operação para defender a tese de que seus clientes são inocentes.
Um levantamento divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro do ano passado mostrou que condenações da Lava Jato e de operações correlatas, cujas penas somavam 277 anos e nove meses de cadeia, foram anuladas pelos tribunais superiores. Desse total, 78 anos e oito meses se referiam a penas aplicadas a agentes políticos.
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