O Ibovespa, índice que reúne as maiores empresas listadas na Bolsa de Valores São Paulo (B3), desabou na quinta-feira 10. O pregão fechou o dia com queda de 3,35%, aos 109 mil pontos, maior redução diária desde setembro de 2021. Já o dólar encerrou em alta de 4,1%, cotado a 5,39, a maior em 32 meses.
Com isso, o índice perdeu R$ 156 bilhões em valor de mercado somente ontem. Em dois dias de quedas seguidas, as perdas totais chegaram a quase R$ 250 bilhões. O cálculo foi feito pela consultoria TradeMap, que leva em consideração a variação no valor de mercado de cada uma das companhias que integram o Ibovespa.
O gatilho desse movimento negativo foi a aversão do mercado ao risco no Brasil, depois da fala do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a aliados. Lula fez um discurso com críticas à “estabilidade fiscal”, ao defender que é preciso colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro.
“Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gastos não discutem a questão social do país?”, questionou Lula.
As perdas do dia foram lideradas pela B3, que viu uma perda de R$ 11,4 bilhões em seu valor de mercado, de R$ 90,0 bilhões para R$ 78,6 bilhões.
Foi seguida pela Eletrobras (-R$ 7,9 bilhões), a Ambev (-R$ 7,7 bilhões) e o banco BTG (-R$ 7,4 bilhões).
Em sexto lugar entre as maiores quedas, a Petrobras perdeu R$ 7,1 bilhões em seu valor total, que foi de R$ 374,4 bilhões para R$ 367,3 bilhões.
“Os fins não justificam os meios”
O economista Luís Artur Nogueira avaliou a fala de Lula. Ele disse que “os fins, por mais nobre que sejam, não justificam os meios ruins”.
“Por mais que ele queira acabar com a fome, não vai ser quebrando o país, quebrando com as contas públicas, que ele vai atingir esse objetivo”, destacou, em entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan.
“Se você quebrar o país, do ponto de vista fiscal, você vai gerar inflação, e o Banco Central vai subir os juros. Juros mais altos geram recessão econômica, desemprego e, portanto, vai aumentar a fome no Brasil”, explicou o economista. “Será o efeito oposto do que pretende o presidente Lula.”
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