Curiosidade e esforço, assim a estudante Sofia Santos de Oliveira, de 18 anos, explica o fato de ter sido aprovada em Harvard, Yale e Stanford, três das mais tradicionais universidades dos Estados Unidos. Moradora de Belo Horizonte, Sofia foi selecionada neste ano em um processo de uma organização não governamental (ONG).
Em uma difícil decisão, a jovem que superou dificuldades financeiras escolheu Harvard, onde vai cursar Química e Ciências Sociais. Lá terá bolsa integral e uma ajuda de custo, durante quatro anos. O investimento, estimado em R$ 2 milhões, será bancado pela universidade.
“Sempre fui curiosa e procurei isso. Não apareceu ao acaso. Eu fui atrás. Não acho que sou mais inteligente do que ninguém. Se tem alguma diferença é que eu me esforço muito. Sempre gostei de estudar”, disse a jovem.
Em sua trajetória como estudante, Sofia passou por altos e baixos. Foram os momentos mais difíceis que a levaram a buscar alternativas nos estudos. “Foi um trauma ter que mudar de escola e ter que cancelar meu curso de inglês”, afirmou ela, ao relembrar um período de dificuldades financeiras enfrentado pela família.
Na época, seu pai perdeu o emprego em uma siderúrgica na capital mineira. Com isso, Sofia teve de deixar a escola Hamleto Magnavacca, do Serviço Social da Indústria (Sesi), onde cursou o ensino fundamental, e precisou largar um curso particular de inglês. “Meu projeto de vida sempre foi estudar. Tive de buscar isso. Pesquisar muito. Descobri essa ONG na internet e a possibilidade de disputar uma bolsa”, disse a estudante.
No Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart), a jovem acabou conseguindo uma bolsa para o ensino médio – frequentou o Colégio Santo Antônio, um dos mais conceituados de Belo Horizonte e distante duas horas, de ônibus, de sua casa.
Foi também nessa época que Sofia passou a estudar idiomas sozinha. “Pegava os livros na biblioteca da escola e estudava sozinha. Virei autodidata”, disse ela. Hoje, a jovem fala e escreve fluentemente em inglês, e afirmou ter aprendido o alemão básico.
Nos últimos seis anos, a rotina de Sofia foi acordar às 5h, pegar dois ônibus para a escola, almoçar, e voltar a estudar, em grupos ou de forma individual. Às 20h, voltava para casa. “Procurar e descobrir as oportunidades, correr atrás, dedicar-se, ter equilíbrio, isso tudo é muito importante”, afirmou ela.
Estrutura
Segundo Sofia, o Ismart propiciou toda a estrutura necessária para que ela tivesse um bom desempenho em Harvard. Além da bolsa integral, ela terá material didático, uniforme e ajuda de custo para transporte e alimentação. “Muitos alunos, de diversas escolas municipais daqui do Barreiro (região onde mora), aprenderam a buscar oportunidades. Muitos se inscreveram no Ismart, alguns conseguiram bolsas e estão aprofundando os estudos. É lindo demais”, afirmou.
Para participar do processo de bolsas do Ismart os estudantes devem ter idade entre 12 e 15 anos e renda familiar per capita de, no máximo, dois salários mínimos. Os aprovados têm acesso a bolsas de estudos integrais em colégios particulares de excelência, em São Paulo, Belo Horizonte, Rio, Cotia (SP), São José dos Campos (SP) e Sorocaba (SP).
Um dos projetos do instituto, batizado de Alicerce, é voltado para jovens de até 13 anos, que participam do programa de desenvolvimento, com acompanhamento de uma equipe de psicólogos, além de frequentarem um cursinho preparatório durante dois anos. O objetivo é que consigam ter acesso a oportunidades de excelência no ensino médio.
Já o projeto Bolsa Talento, direcionado a estudantes de até 15 anos de idade, oferece a possibilidade de ingressar em colégios particulares para cursar o ensino médio com bolsa de estudos integral. Os aprovados recebem material escolar, transporte e alimentação, além de participarem de um programa de desenvolvimento pessoal e de orientação profissional.
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