Residentes de diversos bairros de Belém têm registrado a presença em grande número de grilos em suas residências, gerando desconforto entre os moradores. Conforme Tavison Guimarães, biólogo da Secretaria Municipal de Ambiente e Clima, que trabalha no Bosque Rodrigues Alves, esse fenômeno é algo recente na cidade, não observado em anos passados.
Guimarães destaca que, para entender as razões do aumento da população de grilos, seria necessário realizar um estudo detalhado. Contudo, ele aponta que o crescimento dessa infestação pode estar relacionado, principalmente, às mudanças climáticas.
Clima quente contribui para infestação de grilos
De acordo com Tavison, o aumento das temperaturas globais ao longo dos anos tem contribuído para a expansão da população de insetos, já que climas mais quentes favorecem sua proliferação. Ele destaca que o “inverno amazônico” está mais quente do que em anos anteriores. “As chuvas têm sido significativamente menores em comparação aos anos passados. Antes, as precipitações começavam entre novembro e dezembro, mas agora têm iniciado somente em janeiro, e com menor frequência. O grilo é um inseto que prefere temperaturas mais altas”, explica o especialista.
Redução de matas e predadores naturais
Um dos fatores que pode contribuir para o aumento da quantidade de grilos é a diminuição da reprodução de seus predadores naturais, como sapos e aranhas. A destruição de habitats naturais, com a constante invasão de áreas de mata pelas cidades, também favorece o surgimento mais frequente de insetos em ambientes urbanos.
Danielle Souza, antropóloga e residente do bairro do Telégrafo há vários anos, notou o aumento da infestação de grilos em Belém. Ela conta que, antigamente, era comum encontrar um ou dois grilos em sua casa nesta época do ano, mas atualmente, chega a ver entre cinco e sete grilos todas as noites. “Comecei a achar estranho o número, porque realmente está sendo uma quantidade bem maior. À noite, ouço o som de vários grilos, o que antes não acontecia. Normalmente ouvíamos o som de um ou outro, mas agora tem muitos mesmo”, relata Danielle.
Tavison Guimarães esclarece que é comum um aumento na presença de grilos no final do verão e início do inverno, devido ao período de reprodução desses insetos. No entanto, ele observa que, neste ano, o que está sendo notado é um aumento considerável na incidência desses animais, conforme apontado pela própria população em diferentes bairros.
Sem riscos para os seres humanos
Os grilos não causam nenhum dano ao ser humano, e matar esses bichos inofensivos só prejudica a natureza e desestrutura ainda mais a cadeia alimentar. “A única coisa que incomoda é o barulho que o grilo faz. Todo ser vivo tem uma importância, o grilo mata ervas daninhas e serve de alimento para outros animais”, explica Guimarães. O biólogo acrescenta que, ao entrar um grilo em casa, o correto é capturar e colocar de volta à natureza.
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