Nesta quarta-feira (31) o colunista Leonardo Sakamoto foi alvo de críticas por parte de internautas, especificamente do Twitter, por associar o ex-presidente Jair Bolsonaro ao episódio de violência contra jornalistas dentro do Palácio do Planalto.
De acordo com informações apuradas pela rede Globo, tanto a segurança do governo quanto a de Maduro estavam envolvidas no episódio.
A manobra do colunista fez com que os usuários da plataforma reagissem, minando de críticas a postagem de Sakamoto.
Veja o texto do colunista na íntegra abaixo:
Agentes de segurança de Nicolás Maduro e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República agrediram jornalistas durante entrevista com o venezuelano, nesta terça (30), no Ministério das Relações Exteriores. E com isso o país reedita cenas da “liberdade” do governo Jair Bolsonaro. Na tentativa de evitar que profissionais de imprensa chegassem perto, agiram com truculência.
Segundo a Rede Globo, um deles deu um soco no peito da repórter Delis Ortiz, que recebeu atendimento médico no Itamaraty.
A chegada de Lula ao poder estabeleceu uma nova relação com a imprensa. No governo Jair Bolsonaro, jornalistas eram sistematicamente perseguidos, atacados fisicamente, ameaçados de morte. A situação piorava se eram mulheres, pois juntava misoginia ao ódio ao jornalismo. Durante os governos do PT, também houve ataques, mas não como política de governo. Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) apontou que, entre 2019 e 2022, a principal fonte de agressões contra profissionais de imprensa foi o próprio presidente da República. Ele realizou 570 ataques a veículos de comunicação e aos jornalistas, numa média de 142,5 agressões por ano. Um a cada dois dias e meio.
Contudo, cenas inaceitáveis as desta terça mostram que ainda estamos longe de uma situação de respeito pleno. E que o governo Lula terá que se esforçar mais para que o Brasil abandone a imagem de país em que ser jornalista é profissão de risco.
Agentes brasileiros a serviço do militarizado GSI não podem achar que ainda estão na ditadura militar e encarar a imprensa como inimiga de Estado. Agentes de segurança venezuelanos não podem importar para o Brasil os métodos criminosos com os quais agem contra jornalistas na Venezuela.
O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Imprensa da Presidência lamentaram a agressão e se solidarizaram com os jornalistas, prometendo que medidas serão tomadas para responsabilizar os envolvidos e evitar que isso volte a acontecer. Esperemos que isso não seja uma resposta padrão. Caso contrário, o governo Lula estará reeditando o pior da administração de seu antecessor, que enchia a boca para falar de liberdade de expressão enquanto descia o cacete em quem não dizia amém para as suas mentiras.
A segurança de Lula está com a Polícia Federal até o mês de junho. Depois disso, pode voltar ao Gabinete de Segurança Institucional – que estava recheado de bolsonaristas. Se o que aconteceu no Itamaraty é a vitrine do GSI, é melhor as redações começarem a distribuir coletes e capacetes a quem cobre a Presidência.
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