Denúncias contra gestão do hospital da Diocese de Bragança abala população, mas segue sem providências da Igreja 

O governador Helder Barbalho aparece sorrindo em fotografia oficial afixada na sala da administração do Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, ligado à Diocese de Bragança, em Bragança, nordeste do Pará, mas não moveu um músculo da cara ante as declarações de Irmã Estelina desde que ela atribuiu os problemas de falta de pagamento de médicos e funcionários do hospital ao governo do Estado, cuja Secretaria de Saúde não estaria repassando recursos. Ao receber relatos sobre as declarações da freira, Helder nem tugiu, nem mugiu; muito pelo contrário: incluiu a religiosa em seu caderno de notas. A rigor, o governo repassou mais recursos do que a gestão Jatene – tanto que uma equipe da Secretaria já esteve em Bragança para ajustar os ponteiros com a direção do hospital -, justamente para superar o adversário político e demarcar seu território na região. Veja o vídeo:

Mateus, primeiros os teus

 “Irmã Estelina não é gente”, diz uma fonte da coluna, em Belém, “mas, seus méritos, por menos republicanos” – e religiosos – “que sejam, merecem reconhecimento: é centralizadora e adepta da regra segundo a qual aos amigos, os favores da administração; aos inimigos, os rigores” da administração – não raro à base de assédio moral, imposição da lei do silêncio e perseguições – que o digam seus comandados. Com parentes e aderentes na tipoia da sua administração, a religiosa é apontada como detentora de um dos maiores patrimônios da região – de Bragança a Irituia, passando por Augusto Correa, Tracuateua e até Viseu, e sabe usar seu poder político como poucos.

Pressão vem do Vaticano

Desde que a Nunciatura Apostólica no Brasil, através do Núncio Dom Giuessepe Diquattro reportou a desastrada administração da freira à Santa Sé, irmã Estelina viu ameaçados seus 30 anos de ‘profícuo trabalho’ à frente dos lucrativos negócios da Igreja na região. Ainda não caiu porque o bispo auxiliar nomeado pelo Papa Francisco para arrumar a casa, Dom Possidônio da Mata, ainda não se dedicou ao assunto – e, pelo andar da carruagem, talvez nem o faça, no que estaria agindo contrariamente aos interesses da Papa. Se alguém se atrever a pinçar a opinião dos fieis da região sobre sua gestão, a freire estará em maus lençóis, apesar de os políticos locais, a maioria sob a rédea curta do seu poder político e econômico, estarem quedos e mudos. Ouça ao áudio:

O clamor ecoa nas ruas

Não existe disputa interna pelo controle do Hospital Santo Antônio Maria Zacaria; existe controle absoluto e está nas mãos de Irmã Estelina – controle absoluto do hospital e demais negócios da Igreja -, mas é certo que as denúncias de irregularidades abalaram de certo modo a administração, com reflexos na política local e regional. Fragilizar a freira é fragiliza o vice-prefeito, Mário  Júnior, bragantino da gema historicamente ligado a ela e tido e havido como sucessor natural do prefeito Raimundo Oliveira. Na cidade, no entanto, a maior preocupação é a situação do hospital, que beira a condição de hospital público e tem grande importância para a população. O clamor está nas ruas, por onde provavelmente não passa nenhum dos três bispos nomeados pela Santa Sé – por isso não ouvem e nada fazem.

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