Depois da enxurrada de denúncias feitas por este jornal e outras colunas independentes, parece que o Ministério Público decidiu abrir um olho para “enxergar” o escandaloso caso do uso indevido de dinheiro público envolvendo o cenário cultural do estado.
O 4° Promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa de Belém, Rodier Barata Ataíde, instaurou um Inquérito civil para investigar o esquema que ficou conhecido como “A rachadinha cultural”, que trata dos inúmeros contratos milionários que a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (FCP), por meio de contratação direta (ou seja, com dispensa de licitação) firmou com empresas de produção de eventos e/ou audiovisual que agiam como intermediadoras para artistas regionais durante, aproximadamente, 3 anos.
O QB divulgou ao público alguns casos de músicos que afirmaram não terem recebido os valores discriminados nos contratos da fundação publicados pelo Diário oficial do estado (DOEPA).
Segundo os artistas, as quantias descritas no documento eram muito superiores as que eles recebiam como cachê. Inclusive, alguns relataram que suas “lives” foram duplicadas, com o mesmo vídeo e títulos diferentes, com o intuito de justificar os valores astronômicos dos contratos.
Em um dos casos, por exemplo, o responsável pela banda A liga do brega denunciou um esquema em que o grupo era incitado a assinar notas fiscais nos valores de 3 mil reais por apresentação enquanto, na verdade, a banda recebia apenas metade desta quantia, R$ 1.500. O responsável pela grupo, Benny Jhonny (conhecido como Timba) relatou ter sido ameaçado e perseguido pelos envolvidos. Desde o presidente da FCP (Guilherme Relvas) passando pela dona da Talentos da Amazônia (uma das produtoras citadas) até seus próprios colegas de profissão.
O Questiona Brasil teve contato, à época, com funcionários da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) que informaram, anonimamente, que a denúncia da “Rachadinha cultural”, que também se transformou em vídeo para o colunista David Mafra, caiu como uma bomba na Casa, o que ocasionou a suspensão, posteriormente, dos repasses milionários que eram oriundos de emendas parlamentares, verbas que deveriam ser usadas pelos deputados para concretização de projetos de melhorias para o estado.
Confira a série de vídeos sobre o caso:
video das rachadinhas no YouTube
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