O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dado indícios de que pretende ter Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, como seu possível aliado nas eleições de 2022 como candidato a vice. As declarações foram dadas por Lula em entrevista para a Rádio Gaúcha e justificadas dizendo que teve “extraordinária relação” com Alckmin quando era presidente.
A possibilidade de aliança é real, porém, segundo Lula, depende de um acerto partidário. O ex-governador está de saída do PSDB após romper com João Dória. Vendo que não teria espaço no ninho tucano com a definição de Dória como candidato em 2022, a desfiliação de Alckmin está prevista para dezembro, tendo PSD e PSB como principais opções de legendas. Alckmin dá acenos favoráveis para uma possível chapa em 2022 com o ex-presidente.
ENTENDA O CENÁRIO
No caso de Alckmin optar por se filiar ao PSD, ele virá como candidato a governador de São Paulo. Isso porque o presidente nacional do partido, Gilberto Kassad, está visando um candidato próprio: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).
A situação muda se Alckmin decidir pelo PSB. O PT vem negociando o apoio do partido para a eleição presidencial, apostando que a entrada do ex-governador de São Paulo na sigla seja suficiente para selar a aliança.
No entanto, há entraves: integrantes do PSB já sinalizaram que a composição pretendida por Lula só será real se Márcio França for candidato ao governo de São Paulo, o que tiraria o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) do páreo. Por isso, há resistência por parte do diretório paulista do PT em abrir mão da candidatura de Haddad, restando a Lula uma intervenção.
BENEFÍCIOS MÚTUOS
A união de Lula com Alckmin pode trazer benefícios para a campanha de Lula, uma vez que, em pesquisa encomendada pelo PSB para testar a chapa, os resultados mostram grande adesão da população à composição. O ex-presidente ganharia muitos votos em São Paulo (maior colégio eleitoral do Brasil), caso tenha Alckmin ao lado.
E mais: a atração de setores do mercado e do empresariado que resistem ao nome de Lula como presidente pode ser possível, assim como a aproximação com o eleitorado de centro no espectro ideológico.
Em São Paulo, as pesquisas de intenção de voto mostram que Alckmin está na liderança. O Datafolha, em setembro, divulgou dados em que 27% dos pesquisados votariam no tucano para o governo do estado. Haddad e França, com 17% e 15% respectivamente, aparecem atrás.
Sendo Alckmin vice de Lula, suas aspirações políticas para as eleições de 2026 chegam ao cargo maior do Executivo: ele pretende ganhar visibilidade para se candidatar à presidência da República.
Foto: EFE.
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