Por Olavo Dutra
Helder Zahluth Barbalho 4.4 é um case político, ainda que mais pelas ambições do que pelas qualidades. Se, como aprendemos na escola, o homem é um animal político, Helder é um predador – voraz predador. O ser político Helder não sabe fazer outra coisa a não ser política. Até quando reza negocia com Deus – e diante do silêncio do Interlocutor, por óbvio se convence de que levou a melhor. Não consta que faça donativos às igrejas, seja quais forem os credos, mas faz doações aqui mesmo, no mundo real dos homens, com a generosidade que o poder amealhado em quase quatro anos de governo lhe permite. Uma vez aceitas, geralmente de bom grado, se convence de que levou a melhor.
Para um governador de Estado, Helder Barbalho costuma descer ao nível de um vereador, ou de um prefeito, para deixar sua marca e demonstrar seu poder. É um populista descontrolado. O slogan “Helder presente”, lançado na campanha em que se elegeu, virou palavra de ordem entre seus apoiadores na mídia eletrônica, muitos deles regiamente pagos. E Helder faz da palavra, ação. Repete o mantra para si mesmo até dormindo – e por vezes acorda sobressaltado, como se Helder estivesse sendo perseguido por Helder.
A extremidade dos eixos
Helder Barbalho está em plena campanha política desde sempre, mas, neste momento do seu governo, parece levar o desejo de reeleição ao extremo. Ultrapassar limites, aliás, é uma particularidade cultivada por Helder, sem descanso, sem ponderações. Não raro, atropela as regras republicanas, pessoas e instituições, estufa o peito e vai. Um detalhe parece saltar aos olhos de qualquer observador da política no Estado: nunca, jamais, em tempo algum um governador do Pará fez um pé de meia tão generoso para tentar se reeleger. De fato, com o dinheiro que as ilações avaliam em caixa, a campanha de Helder tem financiamento não para disputar o governo, mas a presidência da República.
Quem puxa aos seus degenera, sim
Mas a política de Helder Barbalho é paroquial, tanto quanto seu governo é assistencialista. O governo de Helder é permissivo, diferente – e muito – dos governos do pai dele, fato que, curiosamente, gera um paradoxo que a história futura haverá de descortinar: ao saber que um auxiliar cometera malfeitos, Jader cortava o mal pela raiz, ciente de que poderia ser respingado. Nos governos Jader as Corregedorias, ou o que as valessem, então, funcionavam, não a favor dele, exatamente, mas para evitar respingos na figura do chefe de Estado – e aí se completa o paradoxo: foi nos governos e como ministro que Jader adquiriu a má fama que se lhe atribuem até hoje, correndo para os 80 anos de idade.
Quem criou Mateus que o embale
Helder Barbalho, não. Ele mesmo denunciado por supostas irregularidades no uso de verbas da saúde durante a pandemia, o governador do Pará faz ouvidos moucos para os desatinos administrativos de seus auxiliares – e a lista é infindável. Aparentemente, no que depender dele, quem criou Mateus que o embale, isto é, resolve o problema. E a vida segue, desgovernada aqui e acolá, porque a linha de chegada é dele, o alvo é dele, objetivo é dele, o futuro é dele, o mundo é dele e, quem sabe, até o fim político será dele.
Oposição reduzida a nitrato de pó
Helder Barbalho trabalhou essa trilha não exatamente com maestria política, mas conseguiu o inusitado: na prática, reduziu a oposição na Assembleia Legislativa a dois ou três gatos pingados – com o perdão da expressão – e tornou vergonhosamente “ex” alguns expoentes dos direitos humanos, dos direitos dos trabalhadores, dos indígenas e das minorias. Os “ex” tornaram-se peças com as quais Helder se diverte porque, no mais das vezes, não são nem marionetes, nem santos de barro – são exatamente o que sempre foram no fundo, no fundo: nada.
O legado a Deus pertence no Pará
De resto, sabe-se que Helder Barbalho levou de roldão tudo quanto pudesse representar obstáculo à caminhada épica para a execução do seu projeto de poder. Quanto ao projeto de governo, é o que está aí: sensação de segurança pública comprada om propaganda oficial cara, sem obras estruturantes, sem políticas públicas para a educação e sem políticas específicas para tirar a saúde pública da UTI, embora tenha à disposição mecanismos que, se bem utilizados fossem, ajudariam o governo na construção de um legal real e duradouro.
A sorte está lançada
Não causou espanto, portanto, a programação do governador Helder Barbalho, ontem, com visitas a São Domingos do Capim, São Miguel do Guamá, e Santa Luzia do Pará, não Santa Maria (veja o folder ). Em Santa Luzia, Helder Zahluth Barbalho 4.4 a caminho da reeleição assinou convênio para a reforma do canteiro da principal rua da cidade.