Se existe uma lenda que causa arrepio em quem vive na Amazônia, essa lenda é a da Matinta Pereira. Presente no imaginário popular do Pará e de toda a região Norte, essa entidade misteriosa assombra as noites amazônicas, transformando-se em uma sinistra coruja, conhecida como rasga-mortalha, cujo grito estridente é temido como um presságio de desgraça.

Segundo a tradição, a Matinta Pereira surge ao cair da noite, pousando nos telhados das casas e soltando um assobio agudo e perturbador, que lembra mais um grito do que um canto. Quem ouve o som sabe o que deve fazer: oferecer tabaco, café, cachaça ou peixe para que a criatura cesse sua cantoria. No dia seguinte, uma velha misteriosa bate à porta, cobrando a promessa feita na noite anterior. Caso a oferta não seja entregue, a desgraça recai sobre a casa e seus moradores.

A lenda atravessa gerações e continua viva nas cidades e comunidades ribeirinhas da Amazônia. Há relatos de pessoas que juram ter visto a Matinta Pereira em ação – ora como uma coruja de olhos flamejantes, ora como uma idosa de aparência sombria e olhar penetrante. Muitos acreditam que ela seja uma bruxa condenada a vagar pela eternidade, enquanto outros dizem que é um espírito antigo da floresta, castigando aqueles que não cumprem suas promessas.
Por mais que a lenda tenha diferentes versões, uma coisa é certa: em muitas noites na Amazônia, quando o silêncio da mata é cortado por um grito estranho vindo do alto, sempre há alguém que se apavora e se pergunta… será que é a Matinta?
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