De acordo com dados verificados do Departamento de Inteligência de Mercado (DEINM), obtidos com exclusividade pelo portal Poder360, os Correios, que já encerraram 2024 com um rombo de R$ 3,2 bilhões, iniciaram 2025 com o pior resultado para janeiro na história, registrando um deficit mensal de R$ 424 milhões.
Os dados reforçam o caminho alarmante demonstrado pelas Estatísticas Fiscais do Banco Central no fim do ano passado, que indicam que as estatais brasileiras tiveram em 2024 o maior deficit dos últimos 22 anos.
O gráfico evidencia que durante toda a gestão do presidente Fabiano Silva dos Santos — indicado pelo grupo de juristas pró-Lula Prerrogativas (“Prerrô”) e conhecido como “Churrasqueiro do Lula” —, os gastos da estatal Correios cresceram de forma ininterrupta, sem acompanhar as quedas nas receitas.
Os Correios responderam ao portal que desconhecem os números (verificados), sem negá-los, e afirmaram que os dados serão divulgados de forma oficial “nos próximos meses”.
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A empresa virou alvo de polêmica no ano passado ao gastar pelo menos R$ 34 milhões em patrocínios de eventos culturais em 2024 para “melhorar a imagem institucional” e “ampliar o alcance e a visibilidade da marca” — apesar de não ter concorrência em boa parte dos serviços postais. O montante representa um aumento de 916,5% em relação ao gasto do ano anterior e de 7.807% na comparação com o período de 2019 a 2022, superando a média anual de R$ 430 mil registrada nesse intervalo.
Entre os eventos patrocinados pela estatal em 2024 está a 36ª Feira Internacional do Livro, realizada em abril em Bogotá, Colômbia, que teve como temática a natureza e recebeu, sozinha, R$ 600 mil em patrocínio. O presidente Lula, que mantém uma estreita amizade com o presidente colombiano Gustavo Petro, foi um dos convidados e discursou na abertura do evento.
Uma das exigências para o patrocínio do evento na Colômbia, onde a estatal brasileira não atua, foi a realização de uma palestra intitulada “Sustentabilidade nos Correios: impacto e eficiência para todos”. A apresentação foi conduzida pela diretora de Governança e Estratégia da estatal, Juliana Picoli Agatte, cargo indicado pelo próximo presidente do PT, Edinho Silva.
Outros eventos que ocupam as primeiras posições no top 10 de patrocínios dos Correios são: Lollapalooza (R$ 6 milhões), Confederação Brasileira de Ginástica (R$ 4,5 milhões), Turnê Templo Rei, com Gilberto Gil (R$ 4 milhões), Jogos Universitários Brasileiros (R$ 3 milhões), Casa Brasil (R$ 2 milhões), Funn Festival (R$ 1,9 milhão), E-Commerce Brasil 2024 (R$ 1,2 milhão), Bumba Meu São João (R$ 1 milhão) e Sertões BRB 2024 (R$ 1 milhão).
Como justificativa para o prejuízo, os Correios — que no fim do ano passado pagaram um “vale peru” de R$ 2.500 a cada um de seus quase 85 mil funcionários — culpam o governo anterior e, principalmente, a queda dos serviços devido à chamada “taxa das blusinhas”. Criada pela equipe econômica do governo atual e viabilizada por um jabuti no Congresso, a medida foi impulsionada por um forte lobby de grandes representantes do varejo e, apesar do custo político, arrecadou menos de R$ 1 bilhão.
A justificativa não é totalmente verdadeira, já que no mesmo período a receita da empresa caiu 13% enquanto as despesas aumentaram 19%.
Apesar dos números negativos e da quebra da tradição de conceder reajustes apenas em períodos de lucro, os seis diretores da estatal tiveram seus salários elevados de R$ 40,6 mil para R$ 46,3 mil mensais, além de benefícios como ajudas de custo e auxílio moradia.
É esperado que a oposição crie uma CPI no Senado para investigar a gestão das estatais, uma vez que já possuem assinaturas suficientes.
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