O vereador e presidente da Câmara de Boa Vista Genilson Costa (Republicanos), preso nesta quarta-feira (18), mantinha uma lista de itens oferecidos a eleitores em troca de votos, conforme investigação da Polícia Federal (PF). As despesas, interceptadas pela investigação, foram compartilhadas no grupo de WhatsApp “Os Top 100”, criado para organizar esquemas de compra de votos com dinheiro do tráfico de drogas nas eleições de 2024, em Boa Vista.
Entre as despesas registradas, a PF identificou R$ 200 para remédios de um amigo, R$ 500 em combustível para um pastor evangélico e R$ 510 para cervejas consumidas em uma reunião política.
Genilson Costa foi preso na Operação Martellus da PF. O subcomandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Francisco das Chagas Lisboa e a irmã do vereador também foram presos na mesma operação. De acordo com a PF, ao menos R$ 1 milhão teriam sido utilizados na compra de votos com apoio do tráfico de drogas.
A esposa de Genilson, a policial civil Natalie Guimarães, também teve o mandado de prisão expedido, mas não foi presa e segue foragida.
Entenda o caso
As investigações apontam que Genilson usava grupos no WhatsApp para organizar os esquemas de compra de votos. No “Os Top 100”, os membros recebiam entre R$ 100 e R$ 150 para votar no vereador, conforme a PF.
No grupo eram enviados comprovantes de pagamento para os membros. Ex-assessores, amigos e eleitores de Genilson Costa também faziam parte deste grupo, onde eram enviadas planilhas e anotações para organizar não só o dinheiro enviado diretamente aos eleitores, mas também os favores feitos.
A Rede Amazônica e o g1 tiveram acesso a uma dessas planilhas. Entre as anotações estão:
- R$ 300 para um amigo de Genilson sair de Bonfim, município ao Norte de Roraima, para votar na capital Boa Vista no então candidato;
- R$ 500 para comprar quimonos para um projeto social de jiu-jitsu;
- R$ 250 para o gerente de um posto de gasolina;
- R$ 4 mil para um pastor evangélico.
De acordo com a PF, o grupo no WhatsApp foi criado pela chefe de gabinete de Genilson, Michelle Parnaiba, que é casada com Ricardo Loureto – responsável pela prestação de contas da campanha do presidente da Câmara de Boa Vista. Ambos são alvos de mandados de prisão na operação Operação Martellus.
Investigações apontaram que a chefe de gabinete mantinha diálogos com Genilson sobre a contabilidade do esquema de compra de votos organizados pelo grupo. Em mensagens, ela teria relatado a distribuição de dinheiro em mais de 50 endereços.
Além de Genilson, outros 12 mandados de prisão foram cumpridos na operação, entre eles contra a irmã do vereador e o subcomandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Francisco das Chagas Lisboa.
De acordo com as investigações, Genilson comprava votos dos eleitores em Boa Vista para se reeleger utilizando dinheiro do tráfico de drogas. O coronel Francisco Lisboa informava o vereador sobre as denúncias de compra de votos recebidas, quebrando o sigilo do canal de comunicação da PM.
O inquérito policial aponta que Genilson, que já foi investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à presidência da casa legislativa municipal.
Comentários