A revolta de um médico e ativista da inclusão social de Manaus (AM) viralizou esta semana nas redes sociais. Depois de reiterados casos em que os pacientes deficientes e de baixa renda do Dr. Cleverson Redivo precisaram voltar frustrados a seu consultório contando que haviam tido o benefício público de transporte da prefeitura negado porque o laudo dado pelo profissional não era aceito pelos servidores do posto de atendimento na triagem, ainda que atendendo todos os requisitos previstos, ele, na última quinta-feira (25), resolveu ir até o local, no Shopping Phelippe Daou, onde confrontou os funcionários do município.
O próprio doutor registrou e publicou tudo; só na plataforma TikTok, os vídeos já somam mais de 12,5 milhões de visualizações em pouco mais de 2 dias.
– O Sinetram estava negando os laudos, e ainda mais incrível de tudo, dizendo que eu estava vendendo laudos para beneficiar pessoas com deficiência e que precisam do laudo. Eles ficam criando dificuldade para liberar o Passa Fácil (benefício de transporte gratuito da prefeitura) para pessoas que precisam se locomover. E agora com o novo valor da passagem eles ficam dificultando ainda mais. E exercem ilegalmente a medicina, porque eles não têm condições de emitir um parecer médico dizendo se o laudo é valido ou não. Limitam o direito das pessoas! – disse o médico em vídeo publicado em seu canal.
Em dado momento, a guarda municipal é chamada e diz que está ali “para manter a ordem”. O médico, então, se apresenta também como policial civil, momento que é exaltado por vários dos milhões de espectadores que assistiram ao vídeo. Nesta sexta-feira, ele foi à Polícia Federal com seu advogado e protocolou uma notícia-crime contra os servidores.
– Estou aqui na Polícia Federal, na superintendência do Amazonas, para protocolar notícia-crime contra as pessoas que estão atuando na área médica sem o devido credenciamento e capacitação para fazê-lo – disse em vídeo.
Prefeitura repudia ‘agressão verbal’ e estuda processar o médico
Após a grande repercussão do caso, a prefeitura de Manaus emitiu uma nota, onde diz que repudia o tratamento dado por Cleverson aos servidores municipais do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e acrescenta que estuda processar o profissional.
“A Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), repudia a agressão verbal sofrida por um de seus servidores no posto de atendimento do órgão, no shopping Phelippe Daou, na última quinta-feira, 25/5, quando estava em pleno exercício de suas atividades”, diz o município.
“Frisamos ainda que o artigo 6º do Decreto Municipal nº 1.128, de 29 de julho de 2011, que regulamenta o artigo 261 da Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman), determina que o formulário para emissão do Passe Livre deverá ser preenchido em letra legível por médico especialista integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Serviço Médico Municipal, constando o seu respectivo carimbo, contendo o número do CRM, tipo de deficiência e/ou patologia e CID”, acrescenta a nota, que não explica exatamente o motivo pelo qual os laudos dados por Cleverson foram negados – em consulta no Conselho de Medicina do Amazonas, feita pela reportagem, o médico aparece com o registro ativo.
“O IMMU informa que confere toda a documentação encaminhada para expedição de qualquer benefício. O órgão informa, ainda, que está analisando as imagens e avalia quais medidas judiciais vão ser adotadas referente ao caso”, conclui.
O GLOBO
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