Uma denúncia encaminhada por empresários paraenses lança suspeitas graves sobre a atuação de agentes com trânsito direto na estrutura da Prefeitura de Belém.
No centro do relato está Cleiton Chaves, ex-chefe de gabinete do prefeito Igor Normando, que foi transferido para a SEZEL logo após o caso da máfia dos reboques vir à tona e é apontado nesta nova denúncia como braço estratégico e operador interno de um suposto esquema de extorsão, desvio de recursos públicos e cobrança de propina envolvendo contratos municipais da gestão passada.
Segundo o denunciante, Cleiton Chaves exerce papel de destaque na engrenagem do esquema, sendo tratado por empresários como o “02” da prefeitura, com influência direta sobre setores administrativos e capacidade de garantir sustentação financeira ao grupo por meio de áreas consideradas estratégicas da gestão municipal.
Empresários relatam cobrança para liberação de valores da gestão anterior
De acordo com o relato, empresários credores da gestão passada da Prefeitura de Belém estariam sendo coagidos a aceitar condições ilegais para receber valores já devidos. A denúncia cita diretamente Álvaro Rodrigues, ex-servidor da SEAC, e Humberto Bozi, ex-secretário da SEGEP.
Segundo o empresário, ambos, além de manterem sociedades em empresas ligadas à área cultural, teriam estruturado um empreendimento clandestino voltado à extorsão de empresários, usando influência política e acesso a informações internas da prefeitura.
Sala na Senador Lemos e exigência de 60% do valor
O denunciante afirma que, ao tentar viabilizar o recebimento de recursos devidos, foi orientado a comparecer a uma sala comercial localizada na avenida Senador Lemos. No local, descreve um ambiente pequeno, onde seria possível ouvir outros empresários sendo submetidos a negociações semelhantes.
Ainda segundo o relato, a liberação do pagamento foi condicionada ao repasse de 60% do valor a Álvaro Rodrigues. O empresário afirma ter visto, de forma nítida, uma máquina de contar dinheiro no espaço, o que, para ele, reforça a suspeita de que o local seria utilizado para negociações ilícitas recorrentes.
A prática, segundo a denúncia, é conhecida por outros empresários, que acabam se submetendo por não terem alternativas para receber valores já empenhados pela administração pública.
“Pedágio” para novos contratos e prejuízo aos serviços
A denúncia aponta que o esquema não se limita a dívidas antigas. Empresários afirmam que qualquer contrato com a prefeitura depende do pagamento de um “pedágio”, exigido por Álvaro Rodrigues e Humberto Bozi. As porcentagens cobradas, segundo os relatos, aumentariam a cada reunião, chegando a comprometer a execução dos contratos e prejudicar serviços prestados à população.
Nesse cenário, Cleiton Chaves surge como figura central, apontado como o agente responsável por dar respaldo político e operacional ao esquema dentro da atual gestão, garantindo que as engrenagens administrativas funcionem a favor do grupo.
Ostentação, holdings e suspeita de lavagem de dinheiro
O denunciante afirma ainda que Álvaro Rodrigues ostenta veículos de luxo e estaria criando holdings empresariais com o objetivo de ocultar e dissimular a origem do patrimônio, prática que pode caracterizar lavagem de dinheiro. O esquema contaria com o apoio de empresários dos ramos noturno e de engenharia, como Luciano Baldaracci, que, segundo o relato, ajudariam a transformar recursos obtidos ilegalmente em dinheiro de aparência lícita por meio de festas, eventos e obras privadas.
Cleiton Chaves como eixo de sustentação do esquema
O ponto mais sensível da denúncia recai sobre Cleiton Chaves, descrito como o elo interno mais poderoso do esquema. Segundo o empresário, uma de suas “cotas” seria o controle de setores ligados ao pátio de retenção, que resultariam em operações frequentes de fiscalização e reboques ilegais de motos e veículos, e arrecadação elevada, usadas, conforme o relato, para sustentar financeiramente o grupo.
Para os denunciantes, Cleiton não apenas teria conhecimento das práticas, mas atuaria diretamente como articulador, garantindo proteção política e continuidade do esquema dentro da prefeitura.
Até o momento, Cleiton Chaves, Álvaro Rodrigues, Humberto Bozi, Luciano Baldaracci e a Prefeitura de Belém não se manifestaram sobre as acusações. O espaço permanece aberto para esclarecimentos e direito de resposta.








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