Mesmo cercado por denúncias de corrupção e alvo de uma das maiores operações policiais da história recente do Pará, o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos (PSB), tenta aprovar mais um empréstimo milionário. O novo pedido, no valor de R$ 200 milhões junto ao Banco do Brasil, foi protocolado na Câmara Municipal no dia 15 de outubro sob o número PL 055/2025 e está sendo tratado em regime de urgência.
A proposta é apresentada como um investimento em infraestrutura urbana e viária, mas o projeto carece de detalhes sobre onde, como e quando o dinheiro será aplicado. Caso seja aprovado, o valor se somará a uma sequência de outros empréstimos já contratados pela atual gestão, que, segundo fontes internas, ultrapassam a marca de R$ 1 bilhão em financiamentos.
A manobra acontece em um momento delicado para o prefeito, que enfrenta forte desgaste político e jurídico desde a deflagração da Operação Hades, em agosto deste ano. A investigação, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, revelou um suposto esquema de desvio de recursos públicos e pagamento de propina dentro da administração municipal. A Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 500 milhões em bens do prefeito e de aliados próximos.
Entre as empresas citadas nas apurações estão Norte Brasil e Edifkka, esta última de propriedade do empresário Danilo Linhares, que teve mais de R$ 100 milhões em bens apreendidos. Ambas mantêm contratos milionários com a prefeitura e são suspeitas de custear despesas pessoais do prefeito, incluindo viagens, imóveis, relógios de luxo e outros itens de alto valor, em troca de favorecimentos em licitações.

Nos últimos dias, novas denúncias vieram à tona. Reportagens apontam que Dr. Daniel teria utilizado jatinhos das empresas Altamed e Norte Ambiental, esta última com contratos que somam R$ 58,5 milhões com o município e pertencente a um amigo próximo do gestor. O caso ganhou repercussão nacional e aprofundou a crise política em torno do prefeito.
Com a imagem cada vez mais abalada e sob o peso das investigações, Dr. Daniel tenta aprovar um novo empréstimo que será descontado diretamente dos cofres públicos de Ananindeua. A iniciativa é vista por vereadores da oposição e especialistas em contas públicas como temerária, capaz de comprometer o equilíbrio fiscal do município e ampliar o endividamento herdado de uma gestão já marcada por escândalos e suspeitas de corrupção.
Enquanto planeja deixar o cargo para disputar o governo do Estado, o prefeito pode acabar deixando para seu sucessor uma conta bilionária — e uma cidade mergulhada em incertezas financeiras.
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