De acordo com os balanços mais recentes divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pelo Serasa Experian, o Brasil alcançou neste ano o maior número de inadimplentes já registrado em toda a série histórica (registro contínuo de dados ao longo dos anos para fins de comparação).
O balanço mais recente divulgado pela Serasa Experian aponta que 75,7 milhões de adultos no Brasil (46,6% da população adulta do país) estão inadimplentes, ou seja, não conseguiram arcar com suas dívidas e estão oficialmente no vermelho.
Pelo balanço do SPC/CNDL, foi a primeira vez que o Brasil superou a marca de 70 milhões de endividados (42% da população adulta do país).
Separando por famílias, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), quase oito em cada dez famílias brasileiras já têm algum tipo de dívida.
Colocando em perspectiva, o número de endividados no Brasil, se fosse a população de um país, seria o 20º maior do mundo, à frente de França, Reino Unido, África do Sul, Itália, Espanha, Coreia do Sul, Colômbia e Argentina, ficando apenas alguns habitantes atrás da Alemanha e da Turquia.
Ainda segundo o balanço da Serasa Experian, a média de dívida por pessoa no Brasil foi de R$ 5.793,66, com valor médio de R$ 1.526,41 por dívida. As mulheres foram as mais afetadas, representando 50,3% dos endividados. Por faixa etária, a maior concentração está entre adultos de 41 a 60 anos (35,1%), seguidos pelos de 26 a 40 anos (34%) e pelos acima dos 60 anos (19,2%).
A maior parte das dívidas é decorrente de pendências com bancos e cartões de crédito, que correspondem a 28,46% do total. Em seguida, aparecem as contas básicas, como água, luz e gás (20,58%), as dívidas diversas com financeiras (19,08%) e os serviços (11,23%). No total, as dívidas dos brasileiros somam R$ 438 bilhões.
Por estado, Amapá e Distrito Federal apresentaram os maiores percentuais de inadimplência, com 62,32% e 60,12%, respectivamente.
Do outro lado, Santa Catarina e Piauí registraram os menores índices de inadimplência, com 36,52% e 37,01% da população endividada, respectivamente.
Segundo dados do Banco Central, mais de R$ 133 bilhões foram concedidos a pessoas físicas por meio do cheque especial apenas no primeiro trimestre de 2025 — um volume 13% superior ao registrado no mesmo período do ano passado (a modalidade cobra, em média, 134% de juros ao ano).
Em comparação com o mesmo período do ano passado — com juros significativamente mais altos —, os empréstimos com cartão de crédito também cresceram 10% neste primeiro trimestre.
Outro recorde batido no último levantamento da Serasa Experian foi o número de empresas endividadas no Brasil, que atingiu o patamar de 7,3 milhões — novamente, o maior já registrado desde o início da série histórica.
Somado, o valor das dívidas das empresas — das quais 94% (6,9 milhões) são micro e pequenas — também bateu recorde, chegando a R$ 169,8 bilhões.
Com uma média de sete contas em atraso por empresa, o número de empresas negativadas no Brasil atingiu um recorde impulsionado principalmente pelo setor de serviços (53%), seguido pelo comércio (34,8%) e pela indústria (8%).
Por região, empresas do Distrito Federal (40,9%), Alagoas (40,3%) e Pará (39,8%) registraram as maiores taxas de inadimplência em março. Do outro lado, os menores índices foram registrados em Santa Catarina (24,5%), Espírito Santo (24,8%) e Piauí (25%).
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