Um novo desdobramento sobre a “Farra dos BYDs”, envolvendo a Câmara Municipal de Belém, lança luz sobre a denúncia do suposto esquema de favorecimento político por meio da suposta distribuição de veículos elétricos da marca BYD a vereadores da capital. De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo QB News, os carros teriam sido utilizados como moeda de troca para garantir apoio político ao presidente da Casa, John Wayne, em votações estratégicas — especialmente em temas como a mudança do Plano Diretor da cidade.
As primeiras suspeitas vieram à tona no dia 26 de fevereiro, quando a reportagem revelou que diversos parlamentares adquiriram veículos da mesma marca e modelo, no mesmo período, muitos registrados em nomes de terceiros. A coincidência das aquisições, associada à falta de transparência sobre os pagamentos, acendeu o alerta sobre a origem e o propósito das compras.
Agora, a apuração avança com uma nova denúncia feita por uma fonte próxima aos parlamentares, que preferiu não se identificar. Segundo ela, os vereadores teriam aceitado os carros como parte de um acordo não oficial: em troca de votos favoráveis às pautas de interesse de John Wayne, os parlamentares receberiam o valor das parcelas dos veículos em espécie, sem qualquer registro bancário, para efetuar os pagamentos de forma indireta e sem deixar rastros.
A denúncia aponta ainda que o benefício estaria condicionado ao apoio contínuo às decisões do presidente da Câmara. Caso algum vereador se recusasse a votar conforme as orientações, os repasses seriam cortados, obrigando o parlamentar a arcar com os custos do financiamento dos carros. O esquema, apelidado nos bastidores como o “mensalão dos BYDs”, seria uma forma de manter uma base de apoio sólida e silenciosa.
Outro ponto levantado envolve a empresária Beta Mutran, dona das concessionárias Vega — representante oficial da BYD em Belém — e membro de uma das famílias mais influentes do Pará. A suspeita é de que ela também teria interesse direto no suposto esquema, visando facilitar a aprovação da revisão do Plano Diretor. A mudança permitiria construções de grande porte em áreas hoje protegidas por legislação ambiental, beneficiando diretamente o setor imobiliário.
Diante das novas revelações, a equipe do QB News esteve na Assembleia Legislativa do Estado (Alepa), onde atualmente ocorrem as sessões da Câmara Municipal, para buscar esclarecimentos dos vereadores envolvidos. A reportagem tentou obter informações como comprovantes de pagamento dos veículos e extratos bancários que pudessem confirmar ou refutar os depósitos em espécie, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
O vereador André Martha Júnior, do PSD, aceitou mostrar o extrato bancário dele e deu seu pai, André Martha, mas somente nesta próxima quinta-feira (10). Nossa equipe de reportagem irá até ao gabinete do vereador na data combinada. Já a vereadora Patrícia Queiroz, do PP, aceitou mostrar o extrato bancário dela e de seu irmão, André Queiroz, nome no qual está registrado o veículo, somente com um documento oficial de quebra de sigilo. Enquanto isso, a vereadora Pastora Salete se recusou a ser filmada e chegou até a colocar a mão na frente da câmera, afirmando que só conversaria com a equipe sem gravações.
Confira:
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— QB News (@qbnewsoficial) April 8, 2025
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