O café, um dos produtos mais consumidos no país, continua em disparada e se consolida como um dos grandes vilões da inflação no Brasil. Na última quarta-feira (29), o preço do grão atingiu o maior valor nominal em quase cinquenta anos, desde 1977, fechando o dia negociado a três dólares e sessenta e seis centavos por libra-peso na Intercontinental Exchange (ICE), referência global para os preços do café arábica.
A alta histórica reflete um movimento contínuo de valorização do grão, que já vinha acumulando aumentos expressivos ao longo do último ano. Em outubro de 2023, o café era negociado a um dólar e sessenta e nove centavos por libra-peso – menos da metade do valor atual. Para o consumidor final, o impacto foi direto: o quilo do café torrado e moído, que custava em média R$ 29,62 em janeiro de 2024, fechou o ano a R$ 42,65 – um aumento de mais de 40%.
Mais aumentos à vista?
E as previsões para 2025 não são animadoras. Especialistas consultados pela reportagem alertam que os preços devem continuar subindo nos primeiros três meses do ano, impulsionados por uma safra abaixo do esperado. A seca que atingiu as principais regiões produtoras do país em 2024 comprometeu a produção, reduzindo a oferta do grão e pressionando ainda mais os preços.
Declaração de Lula gera polêmica
Diante da escalada dos preços dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou em entrevista às rádios Bahia Metrópole e Sociedade. Segundo ele, o controle dos preços também depende da atitude dos consumidores.
“Se você vai no supermercado aí em Salvador e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Olha, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque senão vai estragar”, declarou o presidente.
A fala gerou repercussão imediata e virou alvo de críticas nas redes sociais. Internautas resgataram um vídeo de Lula, gravado em janeiro de 2023, no qual ele prometia que os mais pobres voltariam a sorrir, tomar café, almoçar e jantar. No entanto, diante do aumento generalizado dos preços, muitos passaram a questionar a promessa.
Enquanto o governo busca alternativas, o café, que já foi um hábito acessível para grande parte dos brasileiros, está se tornando um item de luxo. E o consumidor, que antes começava o dia com uma xícara quente e reconfortante, agora precisa lidar com o peso desse custo no orçamento.
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