Sob os holofotes da COP 30, uma crise na saúde pública do estado do Pará continua a se agravar: enfermeiros e técnicos de enfermagem estão cada vez mais insatisfeitos e denunciam situações graves na administração do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, e do Hospital Ophir Loyola, em Belém.
As denúncias envolvem atrasos salariais, falta de estrutura e não aplicação do piso nacional da enfermagem.
Situação no Hospital Metropolitano
No Hospital Metropolitano, os profissionais relatam que o pagamento retroativo do piso da enfermagem e o 13º salário ainda não foram depositados. Em dezembro de 2024, ocorreu a mesma situação, apesar de o Ministério da Saúde já ter repassado os valores necessários ao estado.
Segundo informações disponíveis no portal do governo federal, a Portaria GM/MS nº 6.565 aprovou a liberação da primeira parcela da Assistência Financeira Complementar (AFC) para estados e municípios. O município de Ananindeua, por exemplo, recebeu R$ 2.265.711,97 para cumprir o pagamento do piso. No entanto, conforme denúncias dos trabalhadores, a diretoria do hospital não presta esclarecimentos e ainda ameaça demitir quem questiona a situação.
Situação no Hospital Ophir Loyola
Já no Hospital Ophir Loyola, que é referência no atendimento oncológico do estado, os profissionais enfrentam uma grave precarização das condições de trabalho. As principais denúncias incluem:
Atraso no pagamento do piso da enfermagem: o valor referente a dezembro de 2024 deveria ter sido pago até 3 de fevereiro, mas até agora não foi depositado.
Falta de estrutura no espaço de descanso dos profissionais: não há cobertura adequada, e os trabalhadores são obrigados a enfrentar chuva e alagamentos ao se deslocarem para os locais de descanso.
Goteiras de esgoto na Unidade de Atendimento Intensivo (UAI): vídeos enviados à nossa redação mostram o teto do hospital com diversas infiltrações de água de esgoto, causando goteiras dentro da sala vermelha, onde estão pacientes graves; leitos com mofo e piso inadequado.
Acúmulo de funções: os técnicos de enfermagem relatam que são obrigados a realizar procedimentos complexos, como a instalação de quimioterapia e a retirada de drenos, atribuições que deveriam ser realizadas por enfermeiros especializados, em conformidade com a resolução do COFEN.
Assédio moral: há relatos de ameaças de demissão direcionadas a funcionários temporários que questionam as condições de trabalho.
Problemas na alimentação de pacientes e funcionários
A crise no Hospital Ophir Loyola não se limita aos salários atrasados. Em janeiro deste ano, a alimentação fornecida no hospital passou a ser alvo de denúncias.
No dia 1º de janeiro de 2025, a empresa CZN Alimentação assumiu o fornecimento de refeições para pacientes, acompanhantes e funcionários. Desde então, os relatos de problemas são constantes:
Atrasos na entrega das refeições: café da manhã, almoço e jantar não chegam nos horários programados, prejudicando especialmente os pacientes que necessitam de alimentação em horários específicos para seus tratamentos.
Qualidade da comida comprometida: funcionários e acompanhantes denunciam que as refeições têm sido servidas com sinais de deterioração. Em alguns casos, pacientes relataram dores abdominais e episódios de diarreia após consumirem alimentos azedos.
Jantar dos funcionários servido apenas às 23h: um horário inadequado para profissionais que precisam de energia para continuar os plantões noturnos.
A situação tem gerado indignação entre os trabalhadores da saúde, que continuam denunciando o descaso das autoridades com os profissionais e pacientes que dependem do sistema público no Pará.
Ambas as assessorias dos hospitais foram procuradas para prestar esclarecimento, mas até o fechamento dessa matéria, não disseram nada.







Comentários