A Polícia Federal (PF) detalhou a operação que resultou na prisão em flagrante do ex-assessor do deputado federal Antônio Doido (MDB-PA), e Wandson de Paula Silva , representante de licitações. Ambos são suspeitos de operar um esquema de investigação envolvendo recursos federais. Ele foi exonerado da Câmara dos Deputados no domingo (19), dois dias após o flagrante.
A investigação teve início após uma notificação anônima sobre um saque de R$ 1,1 milhão que seria realizado no dia 17 de janeiro, em uma agência do Banco do Brasil na rua Senador Lemos, em Belém (PA). A quantia foi vinculada à empresa AC Silva Comércio , registrada como atacadista de alimentos, que acumulou 57 licitações municipais desde 2020, totalizando cerca de R$ 24 milhões em contratos , grande parte financiada com recursos federais.
Flagrante e dinâmica do saque
Segundo o relatório da PF, Wandson de Paula Silva recebeu o dinheiro em uma sala reservada dentro da agência bancária, onde o acondicionou em uma mochila preta. Após sair do banco, ele entregou uma mochila, que continha sacolas plásticas recheadas de notas de R$ 200, que o aguardava em um Toyota Corolla.
Durante a abordagem policial, foram apreendidos R$ 1 milhão em espécie na mochila e mais R$ 100 mil nas porta-luvas do veículo de Wandson. A PF assinou toda a transação, reforçando as acusações de ocultação de ativos e corrupção.
Perfil suspeito da empresa
A AC Silva Comércio, apesar de registrada como atacadista de alimentos, acumulou 34 atividades econômicas diferentes , levantando suspeitas sobre suas movimentações financeiras. O sócio majoritário da empresa, Iduval Ramos do Amaral Filho , era empresário registrado em outra empresa, recebeu um salário de R$ 1,7 mil , o que a PF era atualmente incompatível com as cifras movimentadas pela empresa.
Audiência de custódia e decisão judicial
Ambos optaram pela permanência em silêncio durante a audiência de custódia. A juíza Thatiana Cristina Nunes Campelo , da 1ª Vara Federal, confirmou a legalidade das prisões, destacando que os fatos investigados apontam para práticas ilícitas, como ocultação de ativos financeiros e corrupção ativa e passiva.
Apesar disso, a juíza concedeu liberdade provisória mediante medidas cautelares , justificando que os dois não possuem antecedentes criminais e residência fixa e ocupação lícita. O Ministério Público Federal também opinou sobre a concessão da liberdade.
Investigação segue
A PF apura a participação de Alexandre Coelho , empresário e lobista envolvido em outras investigações, citado como um dos articuladores do esquema. Fontes apontam a existência de “outras movimentações absurdas de valores”, que podem ampliar o alcance da investigação.
Os suspeitos seguem respondendo a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em liberdade, enquanto a PF continua as apurações.
*Com informações do Portal Ver-O-Fato


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