Um jovem de 23 anos denuncia que sofreu injúria racial dentro de um supermercado de Salvador na noite de terça-feira (1º). Eduardo Ramos reclama que estava na fila do Assaí Atacadista, na Avenida Vasco da Gama, quando se envolveu em uma briga na fila do caixa e foi vítima de ofensas racistas
A discussão teria começa quando um homem, identificado como Philip Freire, “furou” a fila em que a noiva de Eduardo estava. O jovem criticou a atitude e os dois começaram a discutir. “Eu falei que não tinha necessidade de estar falando alto, porque estávamos no meio do mercado. Mas ele falou que iria continuar falando e, em determinado momento, começou a aumentar o tom, gritar e mandou em me f*der. Eu também falei poucas e boas. Foi aí que ele me chamou de macaco. As pessoas que estavam em volta escutaram”, conta.
Um vídeo gravado por outro cliente, que estava na fila do estabelecimento, mostra o momento da discussão. Nas imagens, é possível ver os dois homens gritando um com o outro. “Repete mais uma vez, é só repetir, parceiro. Chamando outra pessoa de macaco. Você acha que está mexendo com quem? Eu vou te pegar. Você tá maluco, p*rra? Como você chama alguém na Bahia, em Salvador, de macaco? As pessoas ouviram”, diz Eduardo.
Os dois são separados por um funcionário do Assaí, a noiva de Eduardo também pede calma ao rapaz. O outro homem encara o jovem e finge que nada aconteceu. No fundo do vídeo, ainda é possível ouvir os clientes confirmando a denúncia. “Ele tem que ir preso”, “tem que chamar segurança” e “chamou mesmo [com ofensas], são algumas das frases audíveis.
Um dos clientes presentes foi o estilista Hisan Silva, que publicou o vídeo nas redes. “Hoje eu presenciei uma situação bizarra. Um homem branco, esposo de uma mulher preta, a todos pulmões chamou por diversas vezes um homem preto de “MACACO” repetidas vezes na fila do @assaiatacadistaoficial!”, escreveu na legenda.
A vítima disse que não foi amparada pelos funcionários do mercado e recebeu ajuda apenas dos outros clientes, que chamaram a polícia. Já o Assaí informou em nota que a equipe de segurança da loja percebeu a discussão entre clientes e “atuou prontamente para separar as partes envolvidas”. O estabelecimento afirma também que acionou a Polícia Militar (PM). Apesar dos chamados, a coporação disse que não registrou o caso. Os militares não compareceram no local e o acusado foi embora.
Depois, o casal registrou um boletim de ocorrência. “Primeiro eu não acreditei no que escutei, depois, quando vi que estavam gravando, eu pedi para ele repetir, para poder ter provas do que ele disse. O que mais me revoltou foi ele rir de toda a situação e sair como se não tivesse culpa, pela porta da frente”, critica.
A 6ª Delegacia Territorial (DT – Brotas) investiga a denúncia de injúria racial. A reportagem localizou e tentou contato com o acusado para saber se ele gostaria de se pronunciar sobre o caso, mas não recebeu retorno até a última atualização da matéria.
Comentários