Uma mulher foi denunciada por racismo após fazer uma postagem nas redes sociais na qual aparece com o rosto pintado de preto, uma prática conhecida como ‘blackface’, para uma festa à fantasia. O caso aconteceu no dia 1º de setembro, em Bauru, no interior de SP.
A foto foi denunciada por uma ex-presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra. Ela relatou que recebeu a postagem de pessoas conhecidas, também indignadas com a situação, e que chegou a fazer um comentário dizendo que se tratava de um ato racista e criminoso na publicação, antes de ela ser apagada.
Na imagem, a mulher força os lábios para a frente com batom vermelho e utiliza uma peruca de cabelo cacheado na cor preta, um colar de miçangas, uma blusa preta e a tinta preta no rosto e no colo.
A denunciante relata que ficou extremamente ofendida com a postagem e registou um boletim de ocorrência na delegacia.
“Eu ando desse jeito, eu uso muito colar de miçanga, eu passo batom vermelho, o meu cabelo é crespo como este, por isso que eu fiquei muito ofendida. A gente sempre ouve essas justificativas: ‘ah, mas você tem autoestima baixa?’. ‘Ah, mas é uma brincadeira!’. Não, para mim isso não é brincadeira”, reforça.
Entenda o que é ‘blackface’
O nome vem do inglês: black é “negro” e face “rosto”. A prática consiste na pintura da pele com tinta escura. Estipula-se que tenha começado por volta de 1830, nos Estados Unidos, em meio ao período de transição entre a escravidão e a abolição da escravatura.
Ao contrário do que a normalização da prática deu a entender por muitos anos, o “blackface” não se trata apenas de pintar a pele de cor diferente.
Para Juarez, professor da Unesp Bauru e vice-diretor da Faculdade de Artes, Arquitetura, Comunicação e Design (FAAC), a origem da prática está diretamente atrelada à ridicularizarão de pessoas negras e tinha como finalidade a privação ao negro no exercício da cidadania.
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