Depois de ser denunciado por agressão pela ex-primeira-dama, Fabiola Yañez, e de ser alvo de uma operação de busca e apreensão e de medidas de restrição, o ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, negou as alegações, e deu uma explicação diferente para fotos em que a ex-mulher aparece com um olho roxo, divulgadas na semana passada.
“O ex-presidente alega que o hematoma não se deve a um golpe, mas senão a um tratamento estético contra rugas”, escreveu, em matéria publicada neste domingo, o site El Cohete, dirigido pelo jornalista Horacio Verbitsky.
O veículo destacou que não poderia publicar a entrevista, realizada na sexta-feira, na íntegra até que ela seja publicada primeiro no jornal espanhol El País. Mesmo assim, revelou alguns dos argumentos apresentados por Fernández em um caso que já domina conversas políticas e policiais na Argentina.
Segundo o El Cohete, algumas das agressões denunciadas por Yañez ocorreram nos dias 12 e 13 de agosto de 2021, quando surgiram os indícios sobre uma festa de aniversário organizada por Fernández em 2020, na residência oficial de Los Olivos, no momento em que o país estava sob fortes restrições de movimentação por causa da pandemia. Na época, em uma entrevista coletiva, o então presidente argentino delegou a culpa pela reunião, vetada aos demais cidadãos, “à minha querida Fabiola”.
No relato publicado pelo El Cohete, Fernández tenta dar uma explicação para os hematomas nos braços da ex-primeira-dama, também vistos nas fotos.
“Sua explicação surpreendente é que ela bateu nele durante discussões que ele admite serem frequentes sobre a saúde de sua esposa. Ao se defender ele agarrou seus braços, o que explicaria os hematomas”, escreve o site. Em mensagens trocadas com a mãe de Yañez e apresentadas ao El Cohete pelo ex-presidente, Fernández parece expressar preocupação com um suposto quadro de alcoolismo da então primeira-dama.
Ao mesmo tempo, o El Cohete, citando uma especialista médica que analisou as imagens, afirma que o hematoma não é compatível com a marca deixada por dedos que apertam um braço, mesmo que com uso de força.
“Parece produto de um golpe, não de um abalo”, apertão, disse a médica.
A denúncia por violência física e psicológica contra Fernández foi apresentada na terça-feira da semana passada por Yañez, que hoje vive na Espanha com o filho. Mensagens de WhatsApp que integram o processo, divulgadas pelo site Infobae, revelam um diálogo em que os dois fazem alusão a situações de violência, além de duas fotos em que ela aparece com um hematoma e um olho roxo — são essas as imagens que o ex-presidente tentou explicar ao El Cohete e ao El País.
“Não funciona assim, você me bate o tempo todo. É incomum. Não posso deixar você fazer isso comigo quando eu não fiz nada com você. E tudo que tento fazer com a mente focada é defender você e você me bate fisicamente. Não há explicação”, diz um dos textos.
Após realizar a denúncia, o juiz responsável pelo caso, Julián Ercolini, ordenou imediatamente medidas de restrição e proteção a favor de Yañez, que impedem ao ex-presidente qualquer tipo de aproximação a menos de 500 metros. Fernández também não poderá deixar o país, e foi alvo de uma operação de busca e apreensão no sábado, no qual seu celular foi levado pelas autoridades.
No sábado, na primeira entrevista desde a denúncia, a ex-primeira-dama relatou ter sido vítima de “terrorismo psicológico”.
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