Quatorze membros da Polícia Militar foram temporariamente detidos hoje após a acusação de um soldado que alega ter sido vítima de abuso durante o curso de Patrulhamento Tático Móvel do Batalhão de Choque (BPChoque) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Entre os detidos estão dois tenentes, cinco sargentos, um subtenente, um cabo, três soldados e um capitão.
A ação foi conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), através da 3ª Promotoria de Justiça Militar, juntamente com a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal. Além disso, foi ordenado o afastamento do comandante do BPChoque até que as investigações sejam concluídas, e solicitado acesso ao histórico médico do suposto agraviado para a elaboração do laudo pericial.
Segundo a denúncia, o soldado foi coagido a abandonar o curso de formação e, diante de sua recusa, teria sido agredido, humilhado e submetido a tortura por oito horas consecutivas. No primeiro dia do curso, em 22 de abril, o soldado retornou para casa com visíveis sinais de estresse físico, incluindo vermelhidão nos braços e rosto, características de uma grave exposição ao sol. Ele relatou aos familiares ter sido vítima de abusos físicos durante o treinamento.
De acordo com a denúncia apresentada ao MPDFT, o soldado descreveu várias formas de tortura física e psicológica, incluindo exercícios extenuantes enquanto sofria agressões verbais e físicas. As ações que supostamente configuram tortura incluem a aplicação de produtos químicos nos olhos, agressão com pedaços de madeira nas pernas e glúteos, chutes enquanto realizava flexões, constrangimento ao ingerir café com sal e pimenta, e carregar um sino de aproximadamente 50 kg enquanto era humilhado verbalmente.
O soldado também afirmou ter sido pressionado a assinar um formulário de desistência desde cedo pelo tenente encarregado do curso. Após os abusos prolongados, ele cedeu à pressão do superior. A denúncia destaca que, na data dos incidentes, estava programada apenas a apresentação dos alunos, sem atividades físicas ou técnicas. O documento ressalta ainda que o denunciante foi o único aluno a receber tratamento degradante por parte do coordenador do curso e monitores.
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