Depois que a coluna publicou, com exclusividade, gravações envolvendo os diretores da empresa Kapa Capital Facilities, empresários Octávio Pacheco e Luiz Fernando, recomendando aos seus funcionários, com todas as letras, votarem no candidato do PT ao Senado, Beto Faro, restou claro, para os mortais comuns, a prática de ato ilegal e imoral cometido às vésperas da eleição.
Beto Fato foi eleito com apoio do governador Helder Barbalho em disputa bastante acirrada, conforme previu o diretor da empresa, Octávio Pacheco, em trecho de uma das gravações. A diferença do senador eleito, Beto Faro, para o segundo colocado, o ex-senador Mário Couto, do PL, foi de apenas 7%, ou seja, cerca de 300 mil votos. No imaginário popular, porém, a vitória de Beto Faro se deve a Helder.
A teia da aranha
O Ministério Público Federal entrou com representação, bem fundamentada, como deve ser, na expectativa do julgamento e decisão dos juízes do Tribunal Regional Eleitoral, o que deve acontecer nos próximos dias. Entretanto, “há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, como diria o pensador William Shakespeare, quando se procura entender qual a relação da Kapa Capital com o governo do Pará na gestão do governador Helder Barbalho.
Control c, control v
Levantamento da coluna aponta que a empresa tem nada mais, nada menos do que 35 contratos firmados na gestão Helder Barbalho, incluindo aí os respectivos aditivos, totalizando R$142,6 milhões.
O montante é facilmente comprovado em busca rápida nas páginas do Diário Oficial do Estado do primeiro governo de Helder. São contratos de vigilância, limpeza e higienização, entre outros. Ao todo, dez secretarias e instituições do Estado contrataram a Kapa Capital Facilities, entre esses Instituto de Previdência (Igeprev); secretarias de Educação (Seduc), e de Trabalho e Renda (Seaster); hospitais Ofir Loyola, Santa Casa e Gaspar Viana; ParáPaz, Adepará, Escola de Governo e Fundação Cultural do Pará. A lista é maior a cada nova busca.
Veja alguns contratos da Kapa
https://www.ioepa.com.br/diarios/2020/03/11/2020.03.11.DOE_32.pdf
https://www.ioepa.com.br/diarios/2020/09/10/2020.09.10.DOE_20.pdf
https://www.ioepa.com.br/diarios/2020/12/21/2020.12.21.DOE_29.pdf
https://www.ioepa.com.br/diarios/2021/01/04/2021.01.04.DOE_79.pdf
Relações perigosas
Resta saber agora como a Justiça vai ver essa relação, já que a dita reunião dos diretores da empresa supostamente negociando voto a favor de Beto Faro foi justamente com funcionários que prestam serviço em repartições públicas do Estado. Ou seja, a negociação era feita pela direção de uma empresa que recebeu, e ainda recebe, dezenas de milhões de reais do poder público todos os meses.
‘Na Tonga da Mironga”
As gravações são de uma clareza cristalina, onde os empresários oferecem compensação financeira aos funcionários, através de vale refeição, para quem entregar lista com até 20 nomes de eleitores, com cópia de título de eleitor ou número, entre outros dados. Um diretor, conforme consta na gravação, chega ao cúmulo de alertar que ‘não vale levar título de idoso’, se referindo aos funcionários lotados no Igeprev. Prova maior do que isso só na ‘Tonga da Mironga do Kabuletê’.