O senador Ranfolfe Rodrigues disse em vídeo para que a militância petista continue focando na fake news de que Bolsonaro teria aliciado menores venezuelanas. Segundo Randolfe, o tema “precisa continuar sendo repercutido”.
Randolfe, que faz parte da coordenação de campanha de Lula, também levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na ação apresentada à Corte, o parlamentar solicita a apuração dos fatos “a fim de garantir a necessária proteção às menores vítimas dos crimes sexuais que foram identificadas e desprezadas pelo presidente Jair Bolsonaro”.
“O presidente não parece ter acionado o Ministério Público, Federal ou Distrital, a Polícia, Federal ou Civil do Distrito Federal, ou o Conselho Tutelar ao ver adolescentes (e talvez crianças) em situação suspeita de prostituição infantil, podendo ter incorrido no crime de prevaricação”, diz Randolfe na petição.
Além de requerer investigação sobre suposta prevaricação de Bolsonaro, o senador pede ao STF que apure eventuais crimes de estupro de vulnerável e favorecimento da prostituição. Randolfe pede ainda que o presidente preste depoimento às autoridades e que sejam tomadas medidas de proteção “às vítimas, mulheres, menores e refugiadas”.
Assista ao vídeo:
Entenda o que houve:
As declarações do presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista a um podcast na sexta-feira (16), sobre seu encontro com crianças e adolescentes venezuelanas em uma comunidade do Distrito Federal abalou a campanha do candidato à reeleição e provocou reação nos mundos político e jurídico, a cerca de duas semanas do segundo turno das eleições.
Em uma conversa com influenciadores de torcidas de futebol, Bolsonaro falou sobre as precárias condições de vida de jovens venezuelanos que chegam ao Brasil. Em determinado momento da entrevista, o presidente disse que “pintou um clima” ao ver meninas “bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas”.
“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado, de moto”, disse Bolsonaro. “Parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, completou.
A forma como o chefe do Executivo abordou o assunto foi um prato cheio para seus adversários explorarem o episódio nas redes sociais. O deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG), um dos responsáveis pela campanha digital de Lula, fez uma live sobre o tema no fim de semana que já se aproxima de 1 milhão de visualizações no Facebook. Nas redes, Bolsonaro vem sendo associado à pedofilia por militantes e simpatizantes do PT.
Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo na madrugada deste domingo (16) para se defender das acusações. Ele disse que o episódio aconteceu em 2020 e que, ainda na época, ele mostrou “toda a sua indignação” com a situação das meninas.
— O PT recorta pedaços como se eu estivesse atrás de programas. Pelo amor de Deus. Fiz uma live para isso, foi demonstrado o que estava acontecendo. Que vergonha é essa? Que falta de respeito é essa? Sempre combati a pedofilia — afirmou.
No vídeo feito na casa na qual estavam as adolescentes, o presidente não fala sobre prostituição, mas comenta a situação de venezuelanos fora de seu país de origem.
TSE acata pedido de Bolsonaro
Em outra frente, a eleitoral, a campanha de Jair Bolsonaro obteve uma vitória importante no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, determinou que o vídeo com as declarações do candidato seja excluído de todas as plataformas digitais de conteúdo e das redes sociais.
Moraes também proibiu a campanha de Lula de utilizar o trecho da fala de Bolsonaro em suas peças de propaganda na TV, sob pena de aplicação de multa.
“A divulgação de fato sabidamente inverídico, com grave descontextualização e aparente finalidade de vincular a figura do candidato ao cometimento de crime sexual, parece suficiente a configurar propaganda eleitoral negativa”, anotou Moraes em sua decisão.
Durante o debate na TV Bandeirantes, na noite de domingo (16), Bolsonaro leu trecho da decisão do ministro e acusou Lula de propagar notícias falsas sobre a suposta pedofilia do presidente.
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