A Secretária de Saúde Pública do Pará (Sespa) está investigando uma suspeita de poliomielite em uma criança de 3 anos. Segundo informações do documento de Comunicação de Risco, emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – CIEVS/SESPA, uma criança de três anos com paralisia testou positivo para poliovírus (SABIN LIKE 3) , através da metodologia de isolamento viral em fezes. O Ministério da Saúde foi notificado e acompanha o caso.
“O tipo de vírus detectado no exame é um dos componentes da vacina, não se tratando do pólio vírus selvagem, já erradicado no país desde 1994”, disse a Sespa.
Mesmo com o resultado, o órgão afirma que “outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas, como Síndrome de Guillain Barré, portanto o caso segue em investigação conforme o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde”.
O menino, residente do município de Santo Antônio do Tauá, no interior do estado, apresentou os primeiros sintomas, incluindo incluindo febre, dores musculares, mialgia e paralisia flácida aguda (PFA) em 21 de agosto, 24 horas após ter sido vacinado com a tríplice viral e a VOP (vacina oral poliomielite), segundo informa o comunicado de risco emitido pelo estado. Algumas semanas depois, ele perdeu a força nos membros inferiores, sem conseguir se manter em pé.
A coleta de fezes foi realizada no dia 16 de setembro e encaminhada ao Laboratório de Referência do Instituto Evandro Chagas. O laudo, com o resultado positivo para Sabin Like 3 foi emitido na última terça-feira (4). De acordo com a Sespa, o paciente se recupera em casa. Segundo Kfouri, a avaliação adicional consiste no sequenciamento do vírus encontrado nas fezes e na realização de um exame neurológico mais detalhado do paciente.
Segundo informações do documento da Sespa, a criança tinha histórico vacinal incompleto para pólio. A criança possuía duas doses de VOP e “não recebeu as doses da VIP previamente”, o que “está em desacordo com as normas do PNI (Programa Nacional de Imunizações)”.
VIP é a sigla para “vacina inativada poliomielite”. O esquema vacinal contra a pólio no Brasil é feito da seguinte forma: três doses iniciais da vacina inativada (VIP) aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade. Seguida de dois reforços, com a vacina atenuada (VOP), entre os 15 e 18 meses de vida e depois, mais uma vez, aos 4 anos.
O Ministério da Saúde informou que não há registro da circulação do poliovírus no Brasil. Na prática, isso quer dizer que não há confirmação do caso. Uma equipe da pasta foi ao Pará nesta quinta-feira para averiguar o caso suspeito.
“O Ministério da Saúde reforça que pais e responsáveis vacinem suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite, doença erradicada no Brasil”, diz a nota.
O que é a poliomielite?
A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença muito perigosa. O vírus é altamente contagioso e pode causar quadros graves, como a paralisia dos membros inferiores, com consequências importantes para o resto da vida, como sequelas esqueléticas e motoras.
A transmissão da doença se dá pelo contato direto com secreções eliminadas pela boca ou pelas fezes do indivíduo infectado. O poliovírus se aloja no intestino e na garganta do paciente, onde se multiplica até entrar na corrente sanguínea — uma vez circulando no corpo, sem tratamento, pode atingir o cérebro.
Em casos mais severos, o vírus causa paralisia ou meningite, que pode levar à perda de audição e visão, epilepsia e paralisia.
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