Consultas, curativos, exames e aplicação de medicamentos. Esses são alguns dos procedimentos clínicos gerais que serão oferecidos gratuitamente à cavalos, burros e jumentos utilizados por carroceiros no trabalho de tração. Os atendimentos vão ocorrer neste sábado (25) durante a 16ª Ação Cavalo de Tração, uma iniciativa do Projeto Carroceiro, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Além dos professores e da equipe fixa do projeto, a ação tem o apoio da turma do 8º semestre de Medicina Veterinária. Os atendimentos vão ocorrer das 8h às 16h, no Sindtifes Ufra, que fica logo na entrada do campus Belém, bairro da Terra Firme.
O projeto Carroceiro existe desde 2003 e busca evitar os maus tratos a equinos, realizando o atendimento e reabilitação dos animais encaminhados à universidade, tanto pelos próprios carroceiros, quanto por órgãos de fiscalização.
De acordo com o coordenador do Projeto Carroceiro, professor Djacy Ribeiro, todos os animais que chegam à universidade estão em situação de maus tratos. “São animais que não tem alimentação adequada, são submetidos a excesso de carga, violência e não tem nenhuma estrutura. Nós recebemos animais com deficiência orgânica e nutricional, animais desidratados, com excesso de ectoparasitas, verminoses e até suspeitas de zoonoses. E a grande maioria possui problemas ósseos, traumatismo e fissuras”, lamenta.
Adoção
O projeto Carroceiro não realiza o resgate de animais, mas recebe os que chegam à Ufra. Todos os animais oriundos de apreensão passam por um longo período de internação, cuidados clínicos, reabilitação e convivência com a equipe do projeto. Após esse tempo, eles são disponibilizados para a adoção, com a promessa de que nunca mais sejam utilizados no trabalho de tração. A adoção é feita a partir da Delegacia de Meio Ambiente do Pará (DEMAPA). Na delegacia, os interessados precisam apresentar documentos pessoais e comprovar título de propriedade com capacidade para a manutenção de equinos.
Atualmente há 04 animais na Ufra aguardando por uma nova oportunidade. Um desses animais é a Ritinha, uma égua adulta que foi abandonada nas ruas e apreendida com problemas ortopédicos. “Ela foi tratada e reabilitada, mas tem limitações, como pisar em terrenos muito duros, não pode ser montada e nem realizar trabalhos de carga. É um animal dócil, que pode ser criado como um pet, no convívio diário”, diz.
Outra que aguarda por adoção é a Juma, uma potra jovem de menos de um ano de idade que foi apreendida com um trauma em uma via pública. Já Frida e Jade, mãe e filha, estão disponíeis para a adoção conjunta. Frida é uma égua encaminhada à Ufra pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) no bairro de Águas Lindas, muito debilitada e com poucas chances de sobrevivência. No projeto, após os exames, a equipe constatou a prenhez de Frida. Durante meses a equipe se revezou no tratamento, e conseguiu recuperar a Frida e possibilitar o parto, e em poucos meses ela deu a luz à Jade, uma potrinha saudável.
Segundo Djacy Ribeiro, a convivência com um equino só traz benefícios. “É um animal super alegre, dedicado, amigo e pode ser criado como um pet, no convívio diário, lógico que com um manejo e trato diferente de gatos e cães. Nos sítios, como os cavalos se alimentam de capins e gramas, os tutores ainda podem poupar gastos com máquinas na manutenção dessas áreas. Tudo isso além de ganhar afago, carinho e de ser um gesto nobre de responsabilidade social, por se tratar de um animal oriundo de maus tratos e vítima da violência social”, afirma.
Em 2021, 08 animais reabilitados pelo projeto conseguiram encontrar um novo lar.
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