Igor Normando, o nobre herdeiro político de Helder e o uso escancarado e indecente da máquina pública 

Por Olavo Dutra e colaboradores

Sobre a boçalidade dos nobres nascidos da necessidade atávica de eleger filhos, esposas, irmãos, primos, sobrinhos ou cunhados e a desavergonhada prática de uso da máquina pública que a Justiça Eleitoral no Pará teima em não querer ver.

A superioridade do poder real sobre as demais pessoas durante a Idade Moderna se dava através dos rituais das cortes absolutistas. Com os rituais, os nobres impunham uma imagem de separação, não apenas econômica, entre essa classe e o povo, enaltecendo hábitos que não eram acessíveis aos demais grupos sociais. Esses rituais, compostos por regras de etiqueta, de vestimenta e de imposição simbólica marcavam a diferenciação social e eram apresentados como marca de um privilégio detido apenas por nobres e reis, não possibilitado a burgueses, camponeses e servos.

O advento da república e da democracia deveria ter soterrado a boçalidade dos nobres, mas a hereditariedade – a necessidade atávica de eleger filhos, esposas, irmãos, primos, sobrinhos ou cunhados – imposta pela elite política e econômica às práticas republicanas contaminou com hábitos pré-guilhotina as novas castas de mando. E a política, em que pesem as legislações de controle, seguiu sendo esse eterno baile da Ilha Fiscal.

Não tem bobo nessa corte

Igor Normando é um herdeiro político. Um nobre. Primo do governador do Estado, Helder Barbalho, elegeu seu próprio irmão, sem nenhuma vocação, histórico de trabalho ou trajetória política vereador de Belém, onde exerce um mandato invisível. E o fez usando de maneira escandalosa, escancarada e indecente a máquina pública, impondo à plebe circundante sua superioridade social através de hábitos e prestígios sociais excluídos da corte.

Como parte da casta dos nobres, Igor recebeu de presente do primo poderoso não uma comenda, mas um partido chamado afrontosamente de Podemos e, para dar suporte financeiro, um braço do Estado, a Fundação Cultural do Pará, criada nos anos 1980 pelo então governador Jader Barbalho como suporte da Secretaria de Cultura e que hoje, separado do corpo, converteu-se em um morto-vivo a assombrar artistas e a colecionar denúncias de cachês superfaturados, compras de livros suspeitas, licitações duvidosas e consumo de custeio inexplicável.

Produto do meio e do fim

Deputado estadual eleito como parte do arrastão que conduziu Helder Barbalho ao governo em 2018, Igor Normando tem como marca o uso descarado dos espaços públicos da Fundação Cultural do Pará para fins privados. Colocou a própria namorada para dirigir o Curro Velho, encheu a Fundação de amigos, alguns imberbes, e fez da Casa das Artes, antigo IAP, o quintal de seu mandato, palco até de vacinação de cachorros, com direito a banner e blinp de propaganda com sua logomarca de mandato. Por razões que só a razão explica, nunca teve para suas ações lesivas e patrimonialistas a devida atenção do ministério público.

Abuso de todos os poderes

Ontem, em Cametá, aconteceu a inauguração da Casa Azul, centro especializado em autismo que atenderá gratuitamente pessoas dentro desse espectro, oferecendo tratamento e orientações. Louvável a ação do Estado, não fosse sua exploração abertamente eleitoreira. Um evento público, de inauguração de um espaço público, pago com dinheiro público transformado em comício eleitoral de Igor Normando, do prefeito Victor Cassiano e da pré-candidata Nay Barbalho. Balões azuis ornamentavam o ambiente onde se exibiam, desavergonhadamente, banners de propaganda dos nobres.

Não é preciso ser especialista para perceber nesses atos o abuso do poder político e econômico dos envolvidos. Isso daria cassação de registro de candidatura, ou mesmo de mandato. Resta esperar que o Ministério Público Eleitoral olhe para isso com olhos de quem quer ver e imponha aos nobres de agora o rigor que a Constituição exige.

Papo Reto

Demanda de 500 anos do Pará foi resolvida em desfavor do Pará. Explica-se: há 500 anos, o Estado sonha com a nomeação de um cardeal da Igreja Católica para chamar de seu, o que seria o primeiro cardeal amazônida.

O Papa Francisco resolveu dar um cardeal para a Amazônia – o arcebispo Dom Leonardo Steiner, de Manaus. Mais um pontinho no placar da vizinhança…

Aviso aos incautos: uma coisa é ser especialista em conspirações; outra, em conchavos. Conspirações a céu aberto não são conspirações, são intentonas fracassadas. Palavra de um sábio.

A advogada e procuradora do Estado Anete Penna de Carvalho vem fazendo campanha intensa em Belém e interior do Estado para tentar chegar ao desembargo. Desde a saída de Iran Lima, é Anete quem comanda o jurídico da Casa Civil do governo.

Pergunta (im)pertinente: para onde estão indo os mais de 700 presos no Pará pela “Operação Impacto” das Polícia Militar?

Falando na PM, o coronel Ronald Botelho, aquele que, supostamente, andou fazendo saliências no seu gabinete de trabalho e teve foto viralizada nas redes sociais, entrou com pedido de licença especial por seis meses, por ter 30 anos de serviço efetivo na corporação.

Na mesma edição, do último dia 26, o Diário Oficial do estado também publicou a concessão de licença especial para o comandante da Polícia Militar, coronel Dílson Júnior.

A Justiça Eleitoral de Parauapebas mandou arquivar a ação que investigava e pedia a cassação do mandato do prefeito de Parauapebas, Darci Lermen, e do vice-prefeito João Trindade. 

Valha-nos Deus: ao que tudo indica, o belemense corre o risco de reforçar o uso de máscara. Alerta da Fiocruz aponta indícios de crescimento do Covid nas próximas seis semanas em várias capitais brasileiras, e Belém é uma delas.

Matérias Relacionadas

Welcome Back!

Login to your account below

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Add New Playlist