“Não aguentamos mais esta realidade e é hora de agir e mudar para trazer paz para nossa população” (candidato ao governo do Pará, Helder Barbalho, 2018).
No Pará, em apenas dois dias – 18 quarta, e 19, ontem -, 26 pessoas foram mortas: dez por homicídios e 16 decorrentes do chamado “confronto com a Polícia”. Os números macabros representam praticamente uma morte a cada duas horas – sem considerar a morte de um policial penal, na quarta 18, baleado no dia 5 de maio, e do major Renivaldo, da reserva da Polícia Militar do Estado, ontem, baleado em 17 (vídeo 1). A matança não tem hora, nem lugar; ocorre em Belém e no interior, como Mocajuba (vídeo 2), e chegou a tal ponto que remete ao inflamado pronunciamento feito através das redes sociais pelo então candidato ao governo do Pará, Helder Barbalho, em 2018, em defesa da intervenção federal no Pará.
Representação de sangue
Duro admitir, ao encarar uma população em pânico, principalmente na Região Metropolitana de Belém, o silêncio sepulcral que envolve esse pavoroso cenário de matança desenfreada, quase um genocídio escancarado, por parte da propaganda, de políticos com medo de serem jogados para fora da canoa da reeleição governador e do próprio Ministério Público. A propaganda oficial e a propaganda domesticada já se anteciparam, avisando que o Estado reduziu a criminalidade, como que esquecendo que as mortes dos últimos dois dias não devem ser consideradas fatos de menor importância ou sem relevância.
Minimização de impactos
No fundo, no fundo, a propaganda oficial e a domesticada segue à risca a orientação segundo a qual se deve minimizar qualquer fato que possa impactar no projeto de reeleição do governador. Nenhuma ação ou omissão – e muito menos traição – será admitida. E essa orientação também se estende aos políticos agarrados à canoa. Ninguém se atreve a contrariar sua excelência o governador do Estado, o que também explica a ausência absoluta dos defensores de direitos humanos e dos outrora tão combativos políticos da esquerda tupiniquim no atual cenário de insegurança. Triste: por pura conveniência política, abandonaram seus antigos ideais e mergulharam de cabeça no que cala mais alto e profundo nos mandatos, seus interesses pessoais.
Ataques anunciados
No último “salve” divulgado nas redes sociais, o Comando Vermelho mandou o aviso: entre seus alvos estariam aqueles que usam tornozeleiras. Dito e feito: ontem, dois detentos, entre dez liberados pela Justiça do Pará com alvará de soltura, não tiveram nem tempo de chegar ao destino – ou esse seria o destino?: foram atacados friamente em Marituba em plena luz do dia. Os dois usavam tornozeleiras eletrônicas, foram atacados ao desembarcar de um veículo de transporte público e conduzidos com vida ao hospital.
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Link 17 de maio, 18 horas