O então youtuber Bruno Aiub (conhecido como Monark) um dos entrevistadores do podcast “Flow”, foi demitido hoje do programa por apologia ao nazismo.
O perfil dos “estúdios Flow” publicou na tarde desta terça-feira (8) um comunicado informando sobre o desligamento do Podcaster. Segundo a direção, a decisão veio por respeito aos direitos humanos e a comunidade judaica. O Flow também declarou que o vídeo da edição polêmica foi retirado do ar. Confira a nota:
ENTENDA O CASO:
Durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB) Monark defendeu a ideia de que no Brasil deveria haver partido nazista reconhecido por lei, como um direito de “livre expressão”.
“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião […] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, declarou Bruno.
Em réplica, a deputada federal disse que o nazismo é uma ameaça ao povo judeu que, historicamente, foi brutalmente perseguindo e assassinado por Adolf Hitler, durante o período do Holocausto, nas décadas de 30 e 40, na Alemanha. Tabata afirmou que a existência de um partido assim põe a comunidade judaica em risco.
“Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, respondeu a parlamentar.
“As pessoas não têm o direito de ser idiotas? De que forma [isso acontece]? Quando [o nazismo] é uma minoria, não põe. Mas era [um risco] quando era uma maioria”, rebateu Monark.
“A comunidade judaica até hoje tem que se preocupar com sua segurança porque recebe ameaça. O antissemitismo é uma coisa que tem ser combatida todos os dias”, desabafou Tabata.
Veja um trecho do vídeo:
A Confederação Israelita do Brasil divulgou uma nota repudiando a fala de Monark. Veja:
“A CONIB (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veeemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera “inferiores”. Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”.
O PODCASTER SE DESCULPOU
Monark publicou na tarde desta terça-feira um vídeo no seu perfil do Twitter em que pede desculpas pelo posicionamento.
“Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade […] Mas eu peço também um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa, a gente já tava bêbado. Fui insensível sim, errei na forma com que eu me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis, é uma m…errei pra c…eu peço compreensão aí de vocês mesmo e peço desculpas a toda comunidade judaica”, declarou.
Horas depois ele excluiu o post.
REPÚDIO DESTE JORNAL AO ACONTECIDO
O Holocausto entrou para história como um dos maiores absurdos já ocorridos na humanidade. Ele representa o antissemitismo em sua forma mais pavorosa e cruel. Um crime imensurável. Por meio do nazismo, milhões de judeus foram executados como animais em campos de concentração.
É inconcebível, inclusive, imaginar a criação de uma legenda que tenha a ideologia nazista como seu fundamento. É angustiante pensar que esse tipo de ideia ainda possa ser debatida em tempos atuais. Esse pensamento jamais deveria ser expressado, ainda mais por um formador de opinião que alcança milhões de pessoas.
Nazismo é crime e sequer deve ser tocado senão para refletirmos sobre o horror pelo qual o povo judeu nunca deveria ter passado na história da humanidade.
Nos solidarizamos com a comunidade judaica.
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