PARANÁ- O vereador Renato Freitas (PT) foi à plenário hoje (7) justificar a invasão ocorrida no último sábado (5) por um grupo de protesto liderado por ele, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba.
Renato afirmou que o ato não atrapalhou nenhuma cerimônia e que havia poucas pessoas durante a missa que, segundo ele, já havia encerrado.
Ainda em sessão, Renato ratificou que o motivo da ocupação “foi por causa do racismo”, razão pela qual o congolês Moise foi assassinado no Rio de Janeiro, na semana passada. “Foi escolhida a igreja dos pretos. Construída pelos pretos e para os pretos”, disse ele explicando a razão de a manifestação ter sido lá.
Já a Arquidiocese de Curitiba emitiu nota, na manhã de hoje, declarando que a manifestação ocorreu por volta das 17h, contradizendo a versão do vereador.
Veja a nota na íntegra:
“No dia 05 de fevereiro de 2022, em torno das 17h, um grupo apresentou-se junto à porta da Igreja do Rosário, para protestar contra a violência havida no estado do Rio de Janeiro, cujo desdobramento final foi a morte de um cidadão congolês e, em outro caso, a morte de um brasileiro afrodescendente. Era no mesmo horário da celebração da Missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos.
É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas.
Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes, a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos.
Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou.
A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer “politizar”, “partidarizar” ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2022.
Dom José Antonio Peruzzo
Arcebispo”
Assista um trecho do vídeo do vereador:
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