O ex-procurador da famigerada Operação Lava jato, Deltan Dallagnol, que se filiou ao Podemos recentemente, disparou duras críticas contra Gilmar Mendes, após as inúmeras opiniões negativas que o ministro tem dado sobre a Operação Lava Jato, a qual Dallagnol esteve envolvido, juntamente com o, então juiz, Sérgio Moro, atual colega de sigla.
Entre as falas polêmicas, no início de Novembro, à CNN, Gilmar disse que Dallagnol e Moro “agora farão política no campo certo”, se referindo a entrada de ambos para o Podemos. Segundo Dallagnol, os ataques que Gilmar faz a força-tarefa de Curitiba se dá por motivos políticos e que ele “deveria trocar a toga pelo voto”.
De acordo com Dallagnol, o ministro tem, frequentemente, tido comportamentos inadequados ao cargo, já que Mendes concede de, forma recorrente, entrevistas a portais de notícias dando pareceres sobre decisões do STF e seus condutores, além de publicar comentários opiniosos em suas redes sociais.
“É curioso que o ministro faça esse tipo de comentário, afinal, ele fala e dá entrevistas sobre temas em julgamento no STF, o que viola a lei da magistratura”, declarou o ex-procurador.
Em entrevista ao Uol, nesta terça-feira (21) Gilmar Mendes afirmou, novamente, que a condução do processo da Lava jato foi feita de maneira parcial, alegando que Dallagnol e Sérgio Moro, “jogavam juntos” sob a mesma perspectiva partidária.
Por sua vez, o ex-procurador defende, continuamente, sua imparcialidade nos casos e disse que a condução da Operação seguiu moldes tradicionais já conhecidos, com uma conduta costumaz em processos diversos entre os órgãos e agentes jurídicos.
Diante das anulações de decisões que o Superior Tribunal Federal tem imposto a todo ritual processual que levou políticos à cadeia, como nunca antes na história, Dallagnol tem falado à imprensa em um corriqueiro tom de indignação. Segundo ele, em entrevista concedida por e-mail, ainda ao Uol, o objetivo de ter pedido exoneração do MPF, para entrar na política, está baseado na crença de que só se pode tentar alguma mudança no país no campo político, o que já demonstra uma possível apatia com a justiça, após o baque de assistir a Lava jato se desmanchar aos poucos.
“Recentemente, a cada semana, mais e mais casos de corrupção têm sido anulados pelo Supremo. São casos que seguiram as regras do jogo, mas o STF mudou as regras e aplicou para o passado. É como se um juiz mudasse as regras antes de apitar o final da partida para anular gols e mudar o resultado do jogo”, declarou o ex-procurador.
Em discurso que justifique a sua transição ao universo enxadrista que é a política, especialmente, a brasileira, Dallagnol dispara:
“Ficou cada vez mais evidente que, hoje, a arena para o combate à corrupção é a arena política, dentro do Congresso Nacional, e não mais na Justiça”.
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