O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), irá pagar um benefício para 600 mil alunos da rede estadual de ensino. O “Programa Reencontro com a Escola” foi anunciado nesta quinta-feira (16) e visa “estimular os estudantes da rede pública estadual a retornar presencialmente às escolas”, possibilitando a melhoria do processo de ensino-aprendizagem e para combater possíveis casos de evasão escolar.
O valor de R$ 500 já começará a ser pago neste sábado (18) para alunos concluintes do 3º ano do Ensino Médio. Os demais alunos receberão R$ 100. No total, o investimento neste programa será de R$ 108 milhões, com recursos oriundos do Tesouro Estadual.
A iniciativa seria plausível, não fosse contraditória. Dados do Censo 2020 demonstram a precariedade com a qual os estudantes das escolas estaduais convivem diariamente. Das 891 instituições espalhadas pelo Pará, 13,92% sequer possui acesso à internet, 5,05% não tem esgoto, 21,10% sem quadra coberta ou pátio, 4,60% sem banheiro e água potável.
A Escola Eduardo Angelim é um exemplo do descaso. Professores denunciam a falta de alimentação desde setembro, quando voltaram as aulas presenciais, o que leva os alunos a saírem mais cedo da instituição. Os laboratórios da escola também não estão sendo utilizados por falta de equipamentos.
Além da falta de estrutura necessária para que o ensino seja de qualidade e os poucos investimentos que vemos da gestão estadual em mudar essa realidade, Helder deve melhorias salariais a diversos setores profissionais.
Começamos falando dos próprios professores. Há mais de cinco anos, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) luta por melhorias salariais com a aprovação do Piso 2016. Em novembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu um julgamento de embargos impostos pelo governo do Estado, levando a tramitação a definir o valor do crédito devido a cada professor. Segundo o Sintepp, Helder tenta de todas as formas não reconhecer o Piso como um direito.
Recentemente, o QB trouxe a intenção de paralisação de peritos criminais. Vamos resgatar o caso: o movimento cobrava promessas feitas e não cumpridas pelo governador, que tinham o objetivo de valorização da categoria. As mudanças propostas seguem engavetadas na Assembleia Legislativa (Alepa).
Os peritos não são a única classe trabalhadora atingida pela falta de interesse de Helder. Profissionais da saúde protestaram nesta quinta-feira (16), em Belém, pedindo aprovação do novo piso salarial, que passou com êxito pelo Senado. Argumentos contrários à aprovação do projeto de lei são vistos como um reforço contra a pouca valorização da categoria.
Há de se pensar, também, que Estudantes que estão concluindo o Ensino Médio em 2021 são os próximos eleitores aptos a votar em 2022. Com todos os déficits que o governo de Helder Barbalho acumula ao longo da sua gestão, é de se esperar que o benefício a ser pago esteja justificado em fins políticos de reeleição, ainda que ninguém confirme.
Afinal, quantas mais ações populistas veremos daqui até outubro do ano que vem?
Comentários