O Natal chegou e estimativas indicam que os brasileiros estão comprando mais do que em 2024, mas de forma mais conservadora.
Segundo a FecomercioSP, o varejo paulista caminha para registrar o maior faturamento mensal da história em dezembro, impulsionado principalmente pela injeção do 13º salário. A projeção é de crescimento de 4% nas vendas em relação a dezembro de 2024, o que levaria o faturamento do setor a R$ 149,7 bilhões, o maior valor mensal da série histórica iniciada em 2008.
Dentro do varejo, alguns segmentos devem puxar os resultados para cima. A demanda por itens da ceia de Natal deve garantir um aumento de 6% no faturamento dos supermercados ante a mesma época do ano anterior. Já as lojas de roupas e calçados aparecem como as beneficiadas entre os presentes, com crescimento estimado de 9% em dezembro, o equivalente a R$ 1,4 bilhão adicional em receitas. Farmácias e perfumarias também mantêm trajetória positiva, com avanço esperado de 6%.
Contudo, o ritmo de alta das vendas é mais moderado do que no ano passado, quando as receitas avançaram 7,3%. Na capital paulista, a expectativa é de alta de 4%, também abaixo dos 6,8% registrados em dezembro do ano anterior. A federação destaca que o crescimento do Natal será muito próximo do desempenho esperado para o varejo ao longo de 2025, cuja projeção é de alta de 5%.
Essa desaceleração do crescimento das compras reflete a situação econômica do país. Os juros altos desestimulam as compras, principalmente de bens duráveis, como veículos ou eletrodomésticos, que dependem de crédito e de parcelamento do pagamento. Além disso, a inflação segue acima do teto da meta do Banco Central, embora em desaceleração.
O viés negativo vem mesmo com o mercado de trabalho aquecido — o desemprego foi de 5,4% no trimestre encerrado em outubro, de acordo com o IBGE. Isso mantém o consumo e eleva a renda média, já que os salários cresceram 4% no terceiro trimestre, segundo o Ipea.
Consumidores mais cautelosos:
Levantamento da FGV indica que 40,8% dos brasileiros pretendem comprar presentes neste Natal, enquanto 31,7% não devem comprar e 27,5% seguem indecisos. Entre os que optaram por não presentear, 64,6% apontam dificuldades financeiras, reforçando que a contenção está mais ligada a restrições de renda do que à rejeição da data.
Mesmo entre os que irão às compras, predomina um perfil conservador. Quase 40% pretendem gastar o mesmo que no ano passado, 33,7% devem reduzir o valor e apenas 21,7% planejam ampliar o orçamento. A maior parte dos consumidores se concentra nas faixas intermediárias de gastos, entre R$ 51 e R$ 300, enquanto valores mais elevados aparecem de forma pontual.








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