Dias depois da denúncia feita pelo QB News sobre o contrato de quase R$ 800 mil para aluguel de nobreaks na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), autorizado pelo presidente da Casa, deputado Chicão (MDB), um novo negócio milionário veio à tona, ampliando a polêmica e levantando sérias suspeitas sobre a gestão de contratos do Legislativo paraense.
Desta vez, trata-se de um acordo ainda mais expressivo: R$ 16.322.990,40 destinados exclusivamente ao aluguel de equipamentos de informática, conforme consta no Processo Administrativo nº 003185/2023.
Mesmo contrato, mesma empresa, mais milhões
Assim como no caso dos nobreaks, o contrato foi firmado com a empresa Locdesk Locação de Equipamentos e Soluções em Informática Ltda, já conhecida do público após o primeiro escândalo.
A Locdesk tem entre suas sócias uma mulher que ocupou cargo de confiança na gestão de Helder Barbalho quando ele era prefeito de Ananindeua — relação que voltou a ser questionada após a sequência de contratações milionárias com a Alepa.
Para especialistas em administração pública consultados pela reportagem, os valores chamam atenção por serem totalmente incompatíveis com a prática de mercado. No caso dos nobreaks, os quase R$ 800 mil pagos apenas em aluguel seriam suficientes para comprar mais de 2 mil unidades novas.
Placas-mãe a R$ 9,3 milhões e impressoras a mais de R$ 3 milhões
O novo contrato, porém, ultrapassa qualquer parâmetro de razoabilidade.
Entre os itens previstos estão:
- 450 placas-mãe alugadas por 24 meses
Valor total: R$ 9.371.160,00 - 120 impressoras multifuncionais
Valor total: mais de R$ 3 milhões

Somente esses dois itens respondem por uma fatia gigantesca do contrato, que prevê apenas locação, não compra. Ou seja: após os dois anos de vigência, os equipamentos retornarão para a empresa — e o dinheiro público investido não se converte em patrimônio da Alepa.

Para fins de comparação, com R$ 16 milhões seria possível adquirir mais de 2 mil computadores novos e completos, número muito superior à capacidade real de uso da Casa Legislativa.
Contratos assinados no mesmo mês e pelo mesmo autor
Assim como no processo dos nobreaks, o novo contrato também foi assinado e autorizado por Chicão, em março de 2024, com vigência de 24 meses.
A coincidência reacende questionamentos sobre:
- Critérios de necessidade
- Critérios de escolha da contratada
- Proporcionalidade dos valores
- Eventual direcionamento ou favorecimento

O fato de Chicão ser pretenso candidato ao Senado em 2026 adiciona tempero político às críticas, que se intensificaram nas redes sociais e entre servidores da Casa.
Um ciclo de contratos milionários sem transparência
Para muitos, a Alepa vive um apagão de transparência, marcado por valores exorbitantes e justificativas frágeis para equipamentos alugados por preços que superam, de longe, o custo de aquisição.
O QB News seguirá acompanhando o caso e cobrando explicações da Assembleia, da presidência da Casa e dos órgãos de fiscalização.








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