Militares da Guiné-Bissau tomaram o poder nesta quarta-feira, 26, e anunciaram em cadeia nacional a deposição e pr1são do presidente Umaro Sissoco Embaló. O comunicado foi feito por um porta-voz identificado como general Dinis Incanha, que afirmou que o Exército assumiu o controle total do país e instaurou um Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e da Ordem Pública.
O golpe ocorre três dias após as eleições gerais de 23 de novembro, marcadas por forte tensão política. Embaló, que tentava a reeleição, e o opositor Fernando Dias chegaram a se declarar vencedores antes da divulgação oficial dos resultados. A apuração foi suspensa e, logo depois, os militares determinaram o fechamento de fronteiras e a interrupção das atividades da mídia.
No pronunciamento, os militares alegaram ter identificado um plano para manipular os resultados eleitorais. Segundo o comando, o esquema teria sido articulado por políticos locais em parceria com um grande traficante de drogas e estrangeiros. A Guiné-Bissau é apontada há anos como um dos principais corredores de tráfico de cocaína entre América Latina e Europa e chegou a ser classificada pela ONU como narco-Estado em 2008.
Embaló confirmou por telefone a veículos internacionais que foi detido e classificou o episódio como um golpe comandado pelo chefe do Estado-Maior. Parte da oposição, no entanto, afirma que o caso pode se tratar de uma simulação para atrasar a divulgação do resultado eleitoral e prolongar sua permanência no poder, aumentando a instabilidade política no país.
Organismos internacionais como CEDEAO, União Africana, ONU e o governo de Portugal condenaram a tomada de poder pelos militares e pediram a restauração imediata da ordem constitucional. O episódio recoloca a Guiné-Bissau no centro da onda de golpes que atinge a África Ocidental desde 2020, com rupturas recentes em Mali, Burkina Faso, Guiné, Níger e Gabão.








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