A declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o primeiro dia da COP30, incendiou os debates em Belém e fora dela. Ao criticar a construção da Avenida da Liberdade, chamando a obra de “escândalo ambiental”, Trump expõe a contradição de líderes ambientalistas: até que ponto é possível conciliar o desenvolvimento urbano com o discurso de preservação da floresta?
🚧 O que é a Avenida da Liberdade
Com 13,3 quilômetros de extensão, a nova via expressa está sendo construída e que liga a via que passa em frente a Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro da Terra Firme, até a Alça Viária, em Marituba. O projeto, que já atingiu 65% de execução, é considerado a maior obra de mobilidade da história recente da Região Metropolitana de Belém.
A promessa é aliviar o trânsito caótico da BR-316, hoje praticamente o único acesso à capital paraense. Milhares de pessoas que moram em cidades vizinhas — como Ananindeua e Marituba — enfrentam diariamente engarrafamentos quilométricos para chegar ao trabalho, ao hospital ou à universidade.

🌆 Uma cidade cercada de desafios
Belém é uma das capitais brasileiras com menor número de vias de escoamento e com uma das piores médias de tempo de deslocamento diário do país. Por isso, a Avenida da Liberdade surge como uma necessidade urgente — um respiro logístico e social.
A obra integra um pacote de intervenções do governo do estado para modernizar a mobilidade, assim como ocorreu com a duplicação da Rua da Marinha, que já reduziu congestionamentos no local.
🌿 A contradição no discurso “verde”
Mas o avanço do asfalto cobra seu preço. Especialistas alertam que a construção da nova avenida derrubará cerca de 68 hectares de floresta urbana, atravessando a Área de Proteção Ambiental Metropolitana de Belém e interferindo em um corredor ecológico que liga o verde da cidade ao Parque Estadual do Utinga, um dos principais refúgios de biodiversidade da capital.
Valdinei Silva, professor do Instituto Federal do Pará (IFPA) e vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-PA), lembra que é impossível construir grandes infraestruturas em Belém sem afetar rios, igarapés e córregos.

“A população precisa entender que qualquer intervenção na malha hídrica tem consequências. O impacto é imediato quando se remove vegetação. Isso aumenta a concentração de sólidos e o risco de contaminação da água”, explica.
🔥 Trump, Lula e a hipocrisia em debate
A crítica de Trump, embora polêmica, encontrou eco em parte da opinião pública internacional, que questiona o paradoxo do Brasil sediar uma conferência climática global enquanto derruba floresta urbana para abrir uma rodovia.
Por outro lado, políticos como Lula e Helder Barbalho sustentam que o desenvolvimento sustentável não se faz apenas com floresta em pé, mas também com infraestrutura que melhore a vida de milhões de pessoas.










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