“Meu filho não era o alvo”, desabafa Anna Suellen sobre a morte de Marcelo Carvalho, de 24 anos
Desolada, Anna Suellen, mãe de Marcelo Carvalho, de 24 anos, falou pela primeira vez sobre a morte do filho, baleado durante uma ação da Polícia Federal (PF) na manhã do dia 8 de outubro, dentro do apartamento onde morava, no bairro do Jurunas, em Belém.
A mãe relatou os momentos de pavor vividos naquela manhã e afirmou que a operação não tinha como alvo o apartamento da família, muito menos o filho, mas sim um conhecido — identificado como Marcelo, conhecido como “da Sucata” — que estaria sendo monitorado há cerca de 24 horas por agentes descaracterizados da Polícia Federal.
Segundo o relato, os policiais acreditavam que o suspeito havia passado a noite no local, o que acabou desencadeando uma ação que terminou de forma trágica e irreversível.
“Eles entraram dizendo que o alvo estava aqui, mas o meu filho não tinha nada a ver com isso. Ele estava dormindo. Meu filho não era bandido”, disse Anna Suellen, emocionada.

Ela contou ainda que a família não recebeu nenhuma explicação imediata e que foi impedida de socorrer seu filho que estava baleado no quarto ao lado.
“Foi tudo muito rápido. Quando ouvi os tiros, só pensava em proteger meus filhos. Depois vi meu menino caído. Nenhuma mãe está preparada para ver isso”, desabafou.
O caso provocou forte comoção nas redes sociais e reacendeu o debate sobre erros operacionais e uso desproporcional da força em operações policiais dentro de áreas residenciais.
Repercussão e medidas legais
Juristas e entidades de direitos humanos defendem que a ação da PF seja rigorosamente investigada. De acordo com o advogado criminalista consultado pela reportagem, o episódio pode configurar homicídio doloso, caso se comprove que os agentes agiram com excesso ou sem justa causa.
“A execução sumária, se confirmada, é uma grave violação de direitos humanos. A Polícia Federal deve instaurar imediatamente um inquérito interno, e o Ministério Público Federal tem o dever de acompanhar o caso com transparência”, afirmou o especialista.
Organizações locais também cobram a responsabilização dos agentes envolvidos e a reparação à família da vítima, destacando que o episódio expõe fragilidades nos protocolos de inteligência e abordagem da corporação.
Investigação em andamento
Em nota preliminar, a Polícia Federal informou que abriu uma investigação interna para apurar as circunstâncias da morte de Marcelo Carvalho. O órgão também deve enviar as informações ao Ministério Público Federal (MPF), responsável por supervisionar o cumprimento da lei nas ações da PF.
Enquanto isso, familiares e amigos de Marcelo organizam uma vigília em homenagem ao jovem, que será realizada no bairro do Jurunas, onde ele cresceu e era bastante conhecido.
“O que eu quero agora é justiça. Que a verdade apareça, e que meu filho não seja apenas mais um nome esquecido”, disse Anna Suellen.
Assista o relato da mãe abaixo:
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