A deputada estadual Lívia Duarte (PSOL-PA), conhecida por seu discurso moralista e por se colocar como guardiã da ética na política, voltou a chamar atenção — desta vez por debochar do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
As falas irônicas ocorreram durante a sessão da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) no último dia 2 de setembro.
A postura da deputada, no entanto, reacendeu críticas sobre sua própria conduta. Isso porque Lívia Duarte já foi alvo de uma grave denúncia movida por seu ex-motorista, Luiz Cláudio Alencar Gonçalves, que acusou a parlamentar de utilizar servidores públicos pagos pelo Estado para serviços estritamente pessoais e domésticos.
Segundo a acusação, revelada com exclusividade pelo portal QB NEWS, o servidor — que oficialmente atuava no gabinete da deputada — era frequentemente deslocado para funções que nada tinham a ver com sua atribuição na Alepa.
AS ACUSAÇÕES
Segundo a petição, Cláudio fazia o supermercado para a casa da deputada, buscava e levava os filhos dela na escola e em eventos infantis, transportava babá, cozinheira, faxineira, levava roupas à lavanderia, passeava com os animais de estimação e até levava os pets para vacinas.
O ex-assessor afirmou que também atuava como motorista do marido da deputada, fazia assessoria parlamentar e ainda exercia segurança pessoal em eventos. Na prática, diz que se tornou um verdadeiro “faz-tudo doméstico” da parlamentar.

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O caso foi parar na Justiça. Em 10 de janeiro de 2024, Luiz Cláudio ingressou com uma ação na 1ª Vara de Fazenda da Capital, processando o Estado do Pará.
CONTRADIÇÃO ENTRE O DISCURSO E A CONDUTA
O processo escancarou a contradição e levantou questionamentos de internautas entre o discurso público da deputada, que se coloca como defensora dos direitos trabalhistas e da boa gestão de recursos públicos, e sua prática cotidiana, que, segundo a acusação, tratava a máquina estatal como extensão de seus interesses privados.
O episódio reforça o contraste entre a retórica da parlamentar e sua conduta. Enquanto usa o plenário da Alepa para ironizar e atacar adversários políticos, como no caso do julgamento de Bolsonaro, pesa contra ela o histórico de acusações que revelam justamente aquilo que ela tanto critica: o uso indevido da estrutura pública para benefício próprio.
Assista o vídeo:
Até o momento, a deputada não se manifestou sobre as críticas relacionadas às falas na Alepa nem sobre o caso envolvendo seu ex-motorista.
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