O governo brasileiro encara com urgência a chegada do dia 1º de agosto, data prevista para a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos nacionais, anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início de julho. O cronômetro corre contra o tempo, e as possibilidades de um acordo parecem cada vez mais remotas.
Na última terça-feira (23), Trump declarou que as tarifas mais pesadas atingem países com os quais os EUA “não têm se dado muito bem”. Embora o Brasil esteja entre os principais alvos, a nova diretriz comercial abrange todas as nações com relações comerciais com os Estados Unidos, impondo um mínimo de 10% sobre as importações.
A sinalização de Washington é clara: não há disposição imediata para diálogo. Mesmo assim, nesta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar disposto a conversar, caso haja abertura do lado americano. Lula reforçou a importância da soberania e da autonomia nacional ao criticar a medida, e destacou que o governo brasileiro atuará na defesa dos interesses dos setores empresariais e financeiros afetados.
Nas semanas que antecederam a possível taxação, Brasília se tornou palco de reuniões com representantes de diversos segmentos da economia. Inicialmente, o Brasil seria alvo apenas da alíquota básica de 10%. Contudo, com a escalada para 50%, empresários passaram a pressionar por uma solução urgente — muitos pedindo formalmente a extensão do prazo. Uma das principais estratégias tem sido mobilizar fornecedores e parceiros internacionais das empresas brasileiras, numa tentativa de fazer com que esses interlocutores influenciem o governo americano.
Apesar dos esforços, os diálogos até agora não avançaram. Um exemplo disso foi a reunião realizada em 15 de julho, entre membros do governo federal e empresários, quando o vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou que o Brasil tenta negociar desde abril. Segundo ele, foram realizadas reuniões com representantes dos EUA e até mesmo uma carta foi enviada propondo acordos — sem qualquer resposta antes da imposição da nova tarifa.
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