Enquanto o Brasil, sob a liderança de um governo de centro-esquerda comandado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu aumentar o imposto de importação sobre carros elétricos e híbridos a partir desta terça-feira (1), a Argentina, sob o governo ultraliberal de Javier Milei, anunciou uma isenção tarifária para veículos sustentáveis, criando uma cota anual de 50 mil unidades que poderão entrar no país sem pagar tarifas aduaneiras.
Brasil: proteção à indústria nacional e incentivo à produção local
A elevação das alíquotas no Brasil, que passam de 18% para 25% nos elétricos, de 25% para 30% nos híbridos e de 20% para 28% nos híbridos plug-in, faz parte de um plano progressivo aprovado ainda em 2023, com previsão de atingir 35% até 2026. A justificativa do governo é clara: proteger e incentivar a indústria automotiva nacional, forçando empresas estrangeiras a investir em fábricas no país se quiserem se manter competitivas.
Esta medida, no entanto, tem gerado críticas entre consumidores e importadoras, que alertam para o impacto no preço final dos veículos. Um híbrido plug-in de R$ 240 mil, por exemplo, pode subir para R$ 256 mil com a nova alíquota.
A decisão, no entanto, é coerente com a visão de esquerda de que o Estado deve ser um agente ativo no desenvolvimento industrial, mesmo que isso signifique intervir no mercado com impostos mais altos e maior regulação.
Argentina: mercado livre e preços baixos como prioridade
Do outro lado da fronteira, o presidente Javier Milei, defensor de um Estado mínimo e políticas de mercado livre, caminha na direção oposta. O governo argentino publicou na última segunda-feira (30) a regulamentação de um incentivo que isenta tarifas de importação para 50 mil veículos eletrificados ao ano.
A medida busca reduzir os preços dos carros 0km no país, considerados entre os mais altos do mundo, ao promover a concorrência direta entre importadores e montadoras locais. A prioridade para receber a cota isenta será dada a quem se comprometer a vender os veículos pelo menor preço.
Além disso, só poderão participar da “licitação” de cotas modelos com Valor FOB (valor no porto de origem) de até US$ 16 mil, o equivalente a R$ 90 mil. Ou seja, o governo Milei não só isenta os veículos, como impõe um teto de custo para garantir acesso a modelos mais populares, o que evidencia a busca por preços competitivos via desregulamentação e abertura comercial.
Direita x Esquerda: visões contrastantes sobre o papel do Estado
A comparação evidencia as diferenças fundamentais entre os projetos políticos:
- Brasil (esquerda): maior presença do Estado, foco no fortalecimento da produção local e proteção da indústria nacional. A consequência imediata pode ser o aumento de preços para o consumidor, mas o objetivo é gerar empregos e tecnologia no médio prazo.
- Argentina (direita): abertura do mercado, redução da intervenção estatal e busca imediata por preços mais baixos e maior competição. Riscos envolvem o esvaziamento da indústria local e dependência de produtos estrangeiros.
Enquanto o Brasil aposta em uma transição verde com produção nacional, a Argentina busca o acesso rápido à tecnologia limpa, mesmo que isso signifique abandonar parte da produção doméstica.
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