O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou ter traído o governo em derrubada de decreto do IOF, em um vídeo publicado nas redes sociais nesta segunda-feira.
— Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento —disse Hugo Motta em um vídeo.
A decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto do governo que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) agravou a crise fiscal e piora a situação política entre Executivo e Parlamento, com líderes falando até em rompimento com o Palácio do Planalto.
O presidente da Câmara disse mais uma vez que não atende a projetos políticos individuais.
— Presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, tem que servir ao seu país — afirmou.
O Ministério da Fazenda calculava uma receita de R$ 10 bilhões neste ano com a medida e o dobro disso no ano que vem. Para 2025, a receita necessária para evitar um congelamento ainda maior nos gastos, hoje em R$ 31,3 bilhões.
O projeto que derruba a medida do Poder Executivo foi aprovado por ampla margem na Câmara, com 383 votos favoráveis e 98 contrários. Já no Senado a votação foi simbólica, sem o registro nominal dos votos.
Diante do pior momento na relação entre governo e Congresso, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que o Palácio do Planalto adotará uma estratégia de pragmatismo. A ideia é esperar esfriar a tensão e seguir dialogando com parlamentares para fazer acordos em pautas de interesse do Executivo. O plano inclui, por outro lado, intensificar o discurso de “ricos contra pobres” adotado em relação a mudanças tributárias, um dos pontos que incomodaram a cúpula do Legislativo.
Na publicação desta segunda-feira, Motta também fez críticas à polarização política.
— Quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, um imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política do Brasil tem cansado muita gente e, agora, querem criar a polarização social — disse o presidente da Câmara.
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