Um caso revoltante veio à tona no bairro do Guamá, em Belém, onde duas crianças, de apenas 2 e 3 anos, foram encontradas no último domingo em uma quitinete em condições deploráveis de abandono, após denúncias de vizinhos. As crianças, resgatadas pela Polícia Civil, estavam sozinhas, sujas, famintas e em um ambiente insalubre, com sinais evidentes de negligência.
O caso, que chocou a comunidade, expõe uma falha gravíssima na proteção de menores e levanta questionamentos sobre responsabilidade parental e fiscalização.
A mãe das crianças, em depoimento à Polícia Civil, ontem 23, tentou se justificar alegando que as crianças estavam sob os cuidados de uma babá, que, segundo ela, era responsável por zelar pelos filhos durante o dia, enquanto sua rotina de trabalho a impedia de estar presente. A suposta babá, no entanto, ainda não foi localizada, e a Polícia Civil a considera, por ora, a principal responsável pelo abandono.
A mãe ainda afirmou que retornava todas as noites para verificar as crianças, mas essa versão é contraditória diante do estado em que os menores foram encontrados: desnutridos, em meio a sujeira e desespero, com uma delas tentando pular pela janela, o que alertou os vizinhos.
É absolutamente inadmissível que crianças tão pequenas sejam deixadas em condições tão desumanas, independentemente de quem seja o responsável direto. A mãe, ao delegar a guarda dos filhos a uma suposta babá sem garantir que ela estava cumprindo seu papel, demonstra uma negligência gravíssima.
Confiar cegamente em terceiros, sem supervisão adequada, não isenta a responsabilidade parental. Crianças de 2 e 3 anos são completamente dependentes e vulneráveis, e abandoná-las, seja por descuido ou omissão, é um crime que não pode ser relativizado.
Desculpas não justificam
A alegação de que a rotina de trabalho impedia a mãe de estar presente não justifica a situação. Muitos pais e mães enfrentam jornadas exaustivas e, ainda assim, encontram formas de assegurar o bem-estar de seus filhos. A ausência da babá mencionada, que até agora não foi encontrada, reforça a suspeita de que a história pode ser ainda mais complexa e preocupante.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), deve agir com rigor para esclarecer os fatos, localizar a suposta cuidadora e determinar se houve conivência ou omissão deliberada.
Além disso, o caso expõe uma falha sistêmica. Como uma situação tão grave só veio à tona por iniciativa dos vizinhos? Onde estavam os órgãos de proteção à infância, como o Conselho Tutelar, antes que o caso chegasse a esse extremo? A sociedade e as autoridades precisam estar mais atentas para identificar sinais de negligência antes que tragédias como essa ocorram.
As crianças, agora acolhidas em local seguro, merecem justiça e proteção, mas também é essencial que haja acompanhamento psicológico e social para reparar, na medida do possível, o trauma sofrido.
*Com informações do portal Ver-O-Fato
Crianças de 2 e 3 anos são resgatadas em situação de abandono no bairro do Guamá, em Belém:https://t.co/8pw5cv9CzE pic.twitter.com/4F1WE6hMUk
— QB News (@qbnewsoficial) June 24, 2025
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